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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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Por talvez meio segundo, a única reação foi de choque, e o único ruído foi o som

molhado da seiva abandonando o corpo do bandido. E então, com um rugido de fúria e

desafio, o segundo brutamontes tirou o joelho do meu pescoço e saltou para o bêbado.

Permiti-me acreditar que a embriaguez era uma simulação e que ele na realidade era

um espadachim habilidoso fingindo estar embriagado. Mas não, percebi, enquanto ele

estava parado ali, gingando de um lado a outro e tentando focalizar no capanga que

avançava: ele poderia muito bem ser um espadachim habilidoso, mas certamente estava

bêbado. Enfurecido, o primeiro brutamontes o atacou, brandindo a espada. Não foi

bonito e, embora ébrio, meu salvador pareceu se esquivar facilmente, golpeando de través

com minha espada curta, pegando o braço do bandido e provocando um grito de dor.

Acima de mim, ouvia um “Rá!” e olhei a tempo de ver o Intermediário sacudindo as

rédeas. Para ele, a batalha estava encerrada e o sujeito não queria sair de mãos vazias.

Enquanto a carruagem avançava para a entrada, com a porta do passageiro chacoalhando,

coloquei-me de pé rapidamente e corri atrás dela, alcançando seu interior exatamente

quando chegávamos à entrada estreita.

Eu tinha só uma chance. Um instante.

— Segure minha mão — gritei, e graças a Deus ela foi mais resoluta do que antes. Com

os olhos desesperados e assustados, deu um berro gutural, se atirou pelo banco e

segurou minha mão estendida. Atirei-me para trás e puxei a moça pela porta da carruagem

assim que o veículo passou pela entrada do pátio e se foi, estrepitando pelas pedras do

calçamento do cais. À minha esquerda, veio um grito. Era o outro brutamontes. Vi sua

boca se abrir no choque do desamparo.

O espadachim embriagado o fez pagar por seu momento de ultraje. Atravessou-o com

minha espada, que provou o sangue pela segunda vez naquela noite.

Certa vez, o Sr. Weatherall me fez prometer jamais dar um nome à minha espada.

Agora, enquanto via o capanga deslizar da lâmina ensanguentada e se amarfanhar, morto,

no chão, eu entendia o porquê.

ii

— Obrigada, monsieur — falei em meio ao silêncio que caiu sobre o pátio, na esteira da

batalha.

O espadachim bêbado me olhou. Tinha cabelos longos, presos em um rabo de cavalo,

maçãs do rosto proeminentes e olhar vago.

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