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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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No patíbulo, o rei havia sido levado para cima. E para lhes dar o devido crédito, ele

encarou seus torturadores com os ombros aprumados e o queixo bem erguido,

orgulhoso até o fim. Começou a fazer o discurso que sem dúvida ensaiara enquanto

estava encarcerado antes de sua jornada à guilhotina. Mas assim que começou a

pronunciar suas últimas palavras, um rufar de tambores se iniciou, tragando-as.

Corajoso, sim. Mas ineficiente até o fim.

Acima de mim, Arno e Germain ainda conversavam; Arno, eu percebia, tentando

entender as coisas.

— Mas você podia corrigir tudo, não é mesmo? Matando o homem no poder?

O “homem no poder” — meu pai. A onda de ódio que experimentei ao ver Germain

pela primeira vez se intensificou. Desejei deslizar a lâmina de minha espada entre suas

costelas e vê-lo morrer na pedra fria, do mesmo jeito que acontecera com meu pai.

— A morte de Monsieur de la Serre foi apenas a primeira etapa — disse Germain. —

Este é o ápice. A queda de uma Igreja, o fim de um regime... a morte de um rei.

— E o que o rei fez a você? — escarneceu Arno. — Custou-lhe seu emprego? Tomou

sua esposa como amante?

Germain meneava a cabeça como se estivesse decepcionado com um discípulo.

— O rei é apenas um símbolo. Um símbolo pode inspirar medo, e o medo pode

inspirar controle... Mas os homens inevitavelmente perdem o medo dos símbolos. Como

você pode ver.

Inclinando-se sobre a mureta ele gesticulou para o patíbulo, onde o rei, tendo negada

sua última chance de recuperar parte do orgulho régio, fora obrigado a se ajoelhar. Seu

queixo foi encaixado no bloco e a pele do pescoço exposta para a guilhotina à espera.

— Esta foi a verdade pela qual morreu Jacques de Molay: o direito divino dos reis não

é nada senão o reflexo do sol em ouro. E quando Coroa e Igreja forem reduzidas a pó,

nós, que controlamos o ouro, decidiremos o futuro — falou Germain.

Houve uma onda de empolgação por parte da turba, que depois caiu em um silêncio.

Acabou-se. Era hora. Olhando, vi a lâmina da guilhotina brilhar, daí baixar com um

baque suave, e em seguida o barulho da cabeça do rei caindo no cesto abaixo do bloco.

Houve um instante de silêncio na praça, seguido por um barulho que tive dificuldades

de identificar no início, até que, mais tarde, reconheci o que foi. Reconheci da Maison

Royale. Era o barulho de uma sala de aulas repleta de alunos após perceberem que tinham

ido longe demais, em um arfar coletivo que dizia que não havia volta. “Estamos acabados,

agora haverá problemas.”

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