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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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1º de abril de 1791

A place des Vosges, a maior e mais antiga praça da cidade, não ficava longe de onde eu

havia deixado Arno e, depois de uma noite em casa, voltei no dia seguinte, em puro

nervosismo, curiosidade e empolgação mal contida, transbordando com a noção de que,

apesar do revés de Lafrenière, eu tinha chegado a algum lugar. Tinha avançado.

Cheguei à praça sob uma das imensas arcadas abobadadas que faziam parte das

construções de tijolos aparentes por seu perímetro. Algo me fez parar e fiquei confusa

por um momento, perguntando-me o que havia de diferente ali. Afinal, os edifícios eram

os mesmos, o pilar decorado ainda estava ali. Mas faltava alguma coisa.

Então percebi. A estátua no meio da praça — o bronze equestre de Luís XIII. Não

encontrava-se mais lá. Eu tinha ouvido falar que os revolucionários estavam derretendo as

estátuas. Eis ali a prova.

Mas Arno estava lá, com seu manto. À luz fria do dia, examinei-o de novo, tentando

entender em que aspecto o menino amadurecera para o homem: ele tinha agora uma

expressão mais decidida, talvez? Os ombros encontravam-se mais aprumados, o queixo

erguido, os olhos de granito simultaneamente ferozes e belos. Arno sempre foi um

menino bonito. As mulheres de Versalhes comentavam isso. As meninas mais jovens

ficavam vermelhas e davam risadinhas sob suas mãos enluvadas sempre que ele passava;

pelo simples fato de sua beleza se sobrepor a quaisquer dúvidas que elas normalmente

teriam sobre sua posição social como nosso mero tutelado. Eu costumava amar a

sensação calorosa e superior de saber que “ele era meu”.

Mas agora — agora havia algo de quase heroico nele. Senti uma pontada de culpa,

perguntando-me se, ao encobrir a verdadeira natureza de sua ascendência, de algum modo

acabamos evitando que ele atingisse seu potencial mais cedo.

E lá veio mais outra pontada de culpa, desta vez por papai. Se eu tivesse sido menos

egoísta e tivesse trazido Arno para nós, como um dia jurei fazer, talvez este novo homem

engendrado agora estivesse a serviço de nossa causa e não da oposição.

Mas daí, enquanto estávamos sentados tomando café e havia alguma semelhança da

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