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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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vislumbre do diretor da Assembleia, De Launay. Tinha sido preso e falavam em levá-lo ao

Hôtel de Ville, a prefeitura de Paris.

Por um momento permiti-me ter um instante de alívio. A revolução mantivera a

frieza; não haveria banho de sangue.

Mas eu estava enganada. Um grito se elevou. Como um idiota, De Launay deu um

pontapé em um homem da multidão e, enfurecido, o tal sujeito saltou para a frente e lhe

cravou uma faca no corpo. Os soldados que tentavam protegê-lo foram empurrados pela

turba e De Launay desapareceu debaixo de uma massa fervilhante de corpos. Vi lâminas

subindo e descendo em arco, jatos de sangue formando arco-íris e um grito demorado e

penetrante, como o de um animal ferido.

De súbito houve uma aclamação coletiva e uma estaca se elevou acima da multidão.

Nela estava a cabeça de De Launay, a carne do pescoço com um corte irregular e

ensanguentada, os globos oculares revirados nas órbitas.

A turba soltou gritos e uivos, os rostos sujos de sangue encarando alegremente seu

troféu enquanto este era sacudido para cima e para baixo na estaca, desfilando pelas

tábuas e pontes levadiças, sobre o corpo estropiado e esquecido do manifestante

esmagado pela ponte, tomando as ruas de Paris, onde sua visão inspiraria outros atos de

sanguinolência e barbárie.

Naquele momento, entendi que era o fim de todos nós. De todos os da França,

homens e mulheres, era o fim. Independentemente de inclinação política: mesmo que

falássemos da necessidade de mudança; mesmo que concordássemos que os excessos de

Maria Antonieta eram repugnantes e que o rei era ganancioso e inadequado, e mesmo que

apoiássemos o Terceiro Estado e a Assembleia, não importava, porque a partir daquele

momento nenhum de nós estava mais a salvo; éramos todos colaboradores ou opressores

aos olhos da turba, e agora ela estava no poder.

Houve outros gritos quando mais guardas da Bastilha foram linchados. Em seguida, vi

rapidamente um prisioneiro, um velho frágil que era baixado de uma escada que saía de

uma porta da prisão. Depois, com uma onda de emoções confusas — entre elas gratidão,

amor e ódio —, vi Arno no alto dos baluartes. Estava com um homem mais velho, ambos

correndo para o outro lado da fortaleza.

— Arno — gritei, mas ele não escutou. Havia barulho demais e ele estava muito longe.

Gritei novamente, “Arno”, e aqueles perto de mim viraram-se, desconfiados de meu

tom refinado.

Impotente, observei quando o primeiro homem se colocou à beira dos baluartes e

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