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Assassin's Creed - Unity - Oliver Bowden

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camada de neve, e era tão dura que Scratch, nosso lébrel irlandês, conseguia andar nela

sem que as patas afundassem. Ele deu alguns passos hesitantes e, ao perceber a boa sorte,

soltou um latido alegre e disparou à frente, enquanto minha mãe e eu atravessávamos o

jardim e nos dirigíamos às árvores no perímetro do gramado sul.

Segurando a mão dela, olhei para trás enquanto andávamos. De longe, nosso château

brilhava no reflexo do sol e da neve, as janelas cintilando, e então, ao sairmos do sol e

seguirmos por entre as árvores, ele tornou-se indistinto, como se rabiscado com lápis.

Distanciamo-nos mais do que o de costume, percebi. Havíamos saído do alcance de seu

abrigo.

— Não fique assustada se vir um cavalheiro nas sombras — disse minha mãe,

curvando-se um pouco para mim. Sua voz era baixa. Apertei-lhe um pouco mais a mão ao

me dar conta de tal ideia e ela riu. — Nossa presença aqui não é coincidência.

Eu tinha então 6 anos e nem imaginava que o encontro entre uma dama e um

cavalheiro em tais circunstâncias podia ter “repercussões”. Até onde eu compreendia, era

só minha mãe encontrando-se com um homem, e aquilo não era mais significativo do que

uma conversa entre ela e Emanuel, nosso jardineiro, ou do que seus dias com Jean, nosso

cocheiro.

O gelo confere quietude ao mundo. No bosque, estava ainda mais silencioso do que

no gramado coberto de neve, e fomos arrebatadas por uma tranquilidade absoluta ao

tomarmos o caminho estreito para o interior da mata.

— O Sr. Weatherall gosta de brincar — disse minha mãe, a voz aos sussurros, fazendo

jus à paz. — Pode querer nos surpreender e devemos sempre estar cientes de surpresas

reservadas a nós. Levamos em conta nosso entorno e calculamos as expectativas de acordo

com isso. Está vendo rastros?

A neve em volta de nós estava intocada.

— Não, mamãe.

— Ótimo. Então podemos ter certeza do nosso raio. Agora, onde um homem poderia

se esconder, em tais condições?

— Atrás de uma árvore?

— Muito bem, muito bem... Mas que tal aqui? — Ela apontou para o alto e estiquei o

pescoço para ver o dossel de galhos, o gelo cintilando em fragmentos de sol.

— Observe tudo, sempre. — Minha mãe sorriu. — Use seus olhos para enxergar, e se

possível não incline a cabeça. Não mostre aos outros para onde está dirigindo sua

atenção. Na vida, você terá adversários, e estes buscarão em você pistas de suas intenções.

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