12.04.2013 Views

Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

mais sério quando o Estado já está em colapso, na medida em que acelera esse<br />

colapso e aumenta o risco <strong>de</strong> violência <strong>de</strong>scontrolada” 185 .<br />

Quanto ao segundo parâmetro – a duração do conflito, PERRIN (1998:6) afirma<br />

que a ajuda po<strong>de</strong> influenciá-lo, na medida em que o seu <strong>de</strong>svio para a aquisição<br />

<strong>de</strong> armas ten<strong>de</strong> a prolongar o conflito. Além disso, a ajuda ten<strong>de</strong> a substituir a<br />

acção política na resolução do conflito. Assim, “a ajuda contribui para reduzir o<br />

nível <strong>de</strong> violência (...), mas, aos olhos do mundo político, este facto minimiza a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolver o conflito e, <strong>de</strong>ssa forma, prolonga-o” 186 .<br />

Por outro lado, PERRIN (1998:5-6) sublinha que a ajuda po<strong>de</strong> também<br />

influenciar positivamente o conflito e contribuir para a redução da violência,<br />

aliviando e prevenindo o sofrimento humano, a fome, a se<strong>de</strong> e a doença, e<br />

lutando contra as violações do DIH. A ajuda po<strong>de</strong> ainda encurtar o conflito,<br />

quando a presença <strong>de</strong> pessoal humanitário estimula o diálogo entre beligerantes<br />

e influencia as negociações para pôr fim às hostilida<strong>de</strong>s.<br />

Quanto à actuação da ajuda humanitária face a uma consequência muita<br />

específica das guerras – o fluxo <strong>de</strong> refugiados, o ACNUR (2000:293) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />

que “(...) a assistência humanitária aos refugiados já não é necessariamente<br />

encarada como um acto neutro, exterior à dinâmica do conflito”. A agência<br />

explica que, quer o ACNUR, quer outros intervenientes humanitários, ten<strong>de</strong>m a<br />

ser cada vez mais consi<strong>de</strong>rados como partes no conflito, especialmente quando<br />

um dos beligerantes é “claramente mais responsável do que o outro pelas<br />

atrocida<strong>de</strong>s que provocam as <strong>de</strong>slocações”. Exemplo disso é a guerra na Bósnia<br />

em que se temia que a retirada das minorias em perigo para zonas <strong>de</strong> segurança<br />

facilitasse a limpeza étnica, ou a crise <strong>de</strong> refugiados no Ruanda entre 1994 e<br />

1999, em relação à qual o ACNUR foi muito criticado pelo facto <strong>de</strong> alimentar os<br />

responsáveis pelo genocídio e, assim, alimentar novos conflitos.<br />

Face a isso, o ACNUR (2000:293) sustenta que “a assistência humanitária po<strong>de</strong>,<br />

inadvertidamente, prolongar o conflito, manter os violadores, manter os<br />

violadores dos DH e minar as instituições locais que asseguram a auto-<br />

185 PERRIN (1998), p.5 (Tradução nossa).<br />

186 PERRIN (1998), p.5 (Tradução nossa).<br />

113

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!