Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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procura colmatar as necessida<strong>de</strong>s da guerra, assistir as vítimas e restaurar a<br />
segurança e os serviços económicos e sociais, sustenta MUSCAT (2002:9).<br />
Aliás, MUSCAT (2002:103-104) indica que há um consenso implícito e uma<br />
justificação explícita dada aos legisladores durante o processo <strong>de</strong> aprovação do<br />
orçamento anual dos países doadores, segundo o qual o <strong>de</strong>senvolvimento é, <strong>de</strong><br />
forma geral, um processo positivo, quer para os doadores, quer para os receptores<br />
da ajuda, isto porque ele traz benefícios económicos <strong>de</strong> longo prazo e melhora a<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das populações, permite o <strong>de</strong>senvolvimento da <strong>de</strong>mocracia e<br />
faz diminuir as motivações dos rebel<strong>de</strong>s e dos governos para o estabelecimento<br />
da violência.<br />
Além do espírito altruísta, quais po<strong>de</strong>rão ser os objectivos mais ocultos dos<br />
doadores quando <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m ajudar <strong>de</strong>terminado país em situação <strong>de</strong> guerra civil?<br />
CASSEN (1986:7-8) distingue objectivos da ajuda e objectivos dos doadores no<br />
que concerne a eficácia da ajuda, na medida em que esta não se pren<strong>de</strong> com<br />
eventuais objectivos dos doadores ou dos receptores, mas sim com a “eficácia do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento”. Este aspecto po<strong>de</strong>rá ser importante no que concerne ao<br />
comportamento dos países doadores, quer a nível do que preten<strong>de</strong>m da ajuda,<br />
quer a nível da forma como ajudam.<br />
CHAUVET (2002:33), por seu turno, explica que a literatura sobre a afectação<br />
da ajuda internacional se centra em dois gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>bates. O primeiro analisa a<br />
resposta e as motivações dos doadores à performance económica e institucional<br />
dos receptores em oposição à compensação da vulnerabilida<strong>de</strong> face aos choques<br />
externos 223 . A ajuda <strong>de</strong>ve dar incentivos às boas políticas económicas, segundo<br />
autores como CLINE & SARGEN (1975) 224 . Todavia, também tem que pon<strong>de</strong>rar<br />
o “mau ambiente económico”, <strong>de</strong>signadamente os choques externos que afectam<br />
os países receptores. Assim, CHAUVET (2002:38) afirma que “a ajuda po<strong>de</strong> ter<br />
o papel <strong>de</strong> seguradora para os países receptores”.<br />
O segundo <strong>de</strong>bate contrapõe o mo<strong>de</strong>lo das necessida<strong>de</strong>s dos receptores ao<br />
mo<strong>de</strong>lo dos interesses dos doadores. Segundo a autora, alguns estudos mostraram<br />
223 CHAUVET (2002), p.37.<br />
224 “Performance criteria and multilateral aid allocation”, World Development 3 in CHAUVET (2002),<br />
p.38.<br />
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