12.04.2013 Views

Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O medo provocado pela violência é também incluído na lista <strong>de</strong> consequências<br />

económicas do relatório <strong>de</strong> COLLIER et al. (2003:15), consi<strong>de</strong>rando que as<br />

populações assustadas fogem das suas casas e abandonam os seus bens,<br />

<strong>de</strong>ixando-os à mercê do comportamento oportunista <strong>de</strong> criminosos. No caso das<br />

populações rurais, regista-se ainda o abandono da produção agrícola.<br />

Aliás, a <strong>de</strong>slocação das populações não é apenas uma consequência da guerra,<br />

mas também, segundo ARMIÑO (1997:21), uma perniciosa táctica orientada<br />

para o controlo da população potencialmente hostil, que, forçada a assentar em<br />

al<strong>de</strong>ias protegidas ou em áreas <strong>de</strong> segurança, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r apoiar o inimigo.<br />

O Produto Interno Bruto (PIB) é talvez o indicador económico mais afectado<br />

pela guerra. Segundo um estudo <strong>de</strong> COLLIER & HOEFFLER (1998:181-182),<br />

durante a guerra, o PIB per capita <strong>de</strong>clina numa taxa anual <strong>de</strong> 2.2%, <strong>de</strong>vido à<br />

diminuição da produção e à perda gradual do stock <strong>de</strong> capital por <strong>de</strong>struição do<br />

capital ou pela substituição do mesmo no exterior. Porém, estes efeitos diferem<br />

<strong>de</strong> sector para sector, sendo que o sector intensivo em capital e transacções<br />

(transporte, distribuição e finanças) se contrai mais rapidamente do que o PIB no<br />

seu todo, enquanto que o sector com características opostas (agricultura <strong>de</strong><br />

subsistência) se expan<strong>de</strong> em relação ao PIB.<br />

Os efeitos adversos da guerra na economia continuam a registar-se no pós-<br />

guerra, pois, segundo COLLIER & HOEFFLER (1998:181-182), a restauração<br />

da paz não recria as características da economia anteriores à guerra. Assim, o<br />

stock <strong>de</strong> capital é mais baixo do que antes da guerra e o seu <strong>de</strong>clínio po<strong>de</strong> mesmo<br />

continuar no pós-guerra 41 .<br />

De facto, o leque <strong>de</strong> consequências económicas da guerra civil esten<strong>de</strong>-se para<br />

além do seu fim. Como afirmam COLLIER et al. (2003:20), “a verda<strong>de</strong> é que<br />

muitos dos efeitos económicos adversos da guerra persistem, mantendo-se as<br />

41 Segundo COLLIER & HOEFFLER (1998), pp.181-182, uma guerra civil que dure apenas 1 ano po<strong>de</strong>rá<br />

provocar uma perda no crescimento <strong>de</strong> 2.1% por ano nos primeiros 5 anos do pós-guerra, valor que não<br />

seria muito diferente se a guerra tivesse continuado. Por sua vez, quando a guerra é muito longa, o stock<br />

<strong>de</strong> capital ajusta-se a um nível abaixo do <strong>de</strong>sejado nas condições do pós-guerra. Nesse caso, o<br />

repatriamento do capital permite que a economia cresça mais rapidamente do que na fase anterior à<br />

guerra. Assim, concluem os autores, empiricamente, o divi<strong>de</strong>ndo da paz nas guerras prolongadas é maior.<br />

36

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!