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Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

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nos Estados Unidos, atingindo cerca <strong>de</strong> 70 a 100 mil milhões <strong>de</strong> USD por ano,<br />

quase o dobro da ajuda externa oficial dos países ricos para os pobres.<br />

COLLIER et al. (2003:162) chamam a atenção para o perigo efectivo que as<br />

diásporas po<strong>de</strong>m representar para os países <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>vido ao facto <strong>de</strong><br />

financiarem, por vezes, as organizações rebel<strong>de</strong>s, provocando a eclosão ou o<br />

prolongamento da guerra civil. Como vimos, as diásporas não sofrem as<br />

consequências da violência e não estão em contacto directo com o inimigo, o que<br />

tornará mais fácil esse financiamento. Alguns estudos mostram mesmo que estas<br />

ten<strong>de</strong>m a ser mais extremistas que a própria população do seu país.<br />

Estatisticamente, as diásporas aumentam também o risco <strong>de</strong> um retorno à<br />

violência, <strong>de</strong>vido à tendência <strong>de</strong> financiar organizações extremistas 55 . BYMAN<br />

et al. (2001:41) relembram que foram as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emigrantes<br />

provenientes da Argélia, do Azerbaijão, do Egipto, da Índia, da Indonésia, <strong>de</strong><br />

Israel, Líbano, Rússia, Sri Lanka, entre vários outros, que apoiaram grupos<br />

rebel<strong>de</strong>s nesses países e instigaram a guerra, apesar <strong>de</strong> estarem a milhares <strong>de</strong><br />

quilómetros <strong>de</strong> casa.<br />

Quanto às motivações da diáspora, BYMAN et al. (2001:55) afirmam que estas<br />

são consi<strong>de</strong>ravelmente diferentes das motivações dos financiadores do Estado. E<br />

prosseguem: “os Governos apoiam as insurreições por razões estratégicas;<br />

raramente o apoio a uma comunida<strong>de</strong> étnica ou religiosa é motivo para levar um<br />

regime a apoiar um movimento rebel<strong>de</strong>. As comunida<strong>de</strong>s migrantes, pelo<br />

contrário, são fortemente motivadas pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> apoiar um grupo a que<br />

pertencem”, <strong>de</strong>sejo esse que está associado à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> terra-mãe, <strong>de</strong> um passado<br />

comum, <strong>de</strong> uma experiência histórica e <strong>de</strong> uma língua partilhada. Segundo os<br />

autores, as diásporas po<strong>de</strong>m ter o sentimento <strong>de</strong> culpa por estarem em situação<br />

segura enquanto os seus “irmãos” vivem um cenário <strong>de</strong> luta sangrenta e brutal,<br />

sendo o apoio financeiro e político uma forma <strong>de</strong> compensação da qual os grupos<br />

revoltosos se aproveitam.<br />

As razões i<strong>de</strong>ológicas e a i<strong>de</strong>ntificação com <strong>de</strong>terminadas tendências políticas<br />

explicam também o apoio das diásporas. Ainda assim, BYMAN et al. (2001:56)<br />

55 COLLIER et al. (2003), p.74.<br />

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