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Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

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a importância dos interesses estratégicos dos doadores para a alocação da sua<br />

ajuda externa, embora a importância relativa <strong>de</strong>stas duas categorias <strong>de</strong> motivação<br />

tenha sido inconclusiva. Em 1984, MAIZELS & NISSANKE (1984) 225<br />

concluíram que, na década <strong>de</strong> 70, a afectação da ajuda bilateral era ditada pelos<br />

interesses estratégicos e comerciais dos doadores, enquanto a ajuda multilateral<br />

era baseada mais nas necessida<strong>de</strong>s dos países receptores. É o caso do BM,<br />

acusado por autores como CLINE & SARGEN (1975) 226 <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar os<br />

empréstimos <strong>de</strong> acordo com um mo<strong>de</strong>lo político-económico.<br />

Também FREY (1984:86-87) afirmou, na década <strong>de</strong> 80, que “os países doadores<br />

agem por motivos egoístas, esperando tirar benefícios económicos e/ou políticos<br />

<strong>de</strong>ssa acção” 227 . Quanto aos possíveis benefícios económicos, o autor enumera os<br />

seguintes: (1) estímulo a exportações adicionais do país doador; (2) possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> excessos <strong>de</strong> produção, principalmente <strong>de</strong> produtos agrícolas;<br />

(3) possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento da produção <strong>de</strong> matéria-prima que o doador quer<br />

importar a baixo custo; (4) melhoria do clima para o Investimento Directo<br />

Estrangeiro (IDE) no país receptor. A nível político, os doadores po<strong>de</strong>rão obter<br />

as seguintes vantagens: (1) aumento da influência em <strong>de</strong>cisões políticas e<br />

culturais relevantes para o doador; (2) fortalecimento da posição do Governo ou<br />

do regime no po<strong>de</strong>r, com o qual o doador mantém amistosas relações; (3)<br />

melhoria da segurança militar do doador ao conquistar um aliado e (4) aumento<br />

do prestígio internacional pela projecção <strong>de</strong> imagem <strong>de</strong> país humanitário.<br />

No entanto, FREY (1984: 96) explica que o que importa para o receptor não é<br />

tanto a contribuição do país doador A ou B, mas sim o montante total <strong>de</strong> ajuda<br />

recebida, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> quem a <strong>de</strong>u. Assim, o autor admite que, se a<br />

ajuda é uma forma <strong>de</strong> influenciar o país receptor, também é verda<strong>de</strong> que essa<br />

po<strong>de</strong> ser uma utilida<strong>de</strong> perdida se outros países esten<strong>de</strong>rem essa ajuda.<br />

UVIN (2001:II-3), por seu turno, afirma que os doadores politizam a ajuda<br />

humanitária quando <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m ajudar por razões políticas e não por necessida<strong>de</strong>.<br />

225 “Motivations for aid to <strong>de</strong>veloping countries”, World Development 12 in CHAUVET (2002), p.38.<br />

226 “Performance criteria and multilateral aid allocation”, World Development 3 in CHAUVET (2002),<br />

p.38.<br />

227 Tradução nossa.<br />

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