Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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estrangeira 195 . Porém, levanta três questões: Qual o volume <strong>de</strong> financiamento<br />
necessário? Don<strong>de</strong> po<strong>de</strong> vir esse financiamento? Como é que os recursos<br />
financeiros <strong>de</strong>stinados a financiar o crescimento económico po<strong>de</strong>m ser afectados<br />
<strong>de</strong> forma eficiente?<br />
MAGRIÇO (2001:52-53-58) explica que o mo<strong>de</strong>lo “permite calcular ex ante o<br />
montante <strong>de</strong> financiamento necessário (...)”, sendo que este é estimado “a partir<br />
da taxa <strong>de</strong> crescimento fixada para o produto e <strong>de</strong> funções que explicitam o<br />
comportamento da economia em causa”. CHENERY propôs ainda que o<br />
financiamento externo <strong>de</strong>veria ser tão elevado que permitisse preencher o maior<br />
dos gaps, pelo que o montante <strong>de</strong>verá ser sempre <strong>de</strong>terminado pelo maior dos<br />
gaps. Esse financiamento terá <strong>de</strong> vir <strong>de</strong> fontes exteriores, dado o <strong>de</strong>sequilíbrio<br />
estrutural da economia, e a sua eficácia <strong>de</strong>verá ser assegurada pelo<br />
reconhecimento da importância do investimento público no crescimento<br />
económico e pelo estabelecimento <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s pelo Governo em termos das<br />
necessida<strong>de</strong>s da população 196 .<br />
O Mo<strong>de</strong>lo do Dual-Gap sofreu algumas críticas, <strong>de</strong>signadamente por parte dos<br />
<strong>de</strong>fensores do Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Liberalização Financeira, o qual se distingue pela<br />
persistência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sequilíbrio e pela ausência <strong>de</strong> um papel para o ajustamento<br />
dos preços. Segundo MAGRIÇO (2001:61), “alguns crêem que, na realida<strong>de</strong>, as<br />
economias estão normalmente num estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio e não respon<strong>de</strong>m, <strong>de</strong><br />
forma flexível, às variações <strong>de</strong> preços. Outros argumentam que os ajustamentos<br />
<strong>de</strong> preços são muito fortes e legitimam o uso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> equilíbrio”.<br />
COLLIER, HOEFFLER & PATTILLO (2003:6), por sua vez, explicam que a<br />
visão tradicional da ajuda como financiadora dos dois gaps (poupança e câmbio)<br />
evoluiu para um papel <strong>de</strong> financiadora do investimento. A ajuda passou, assim, a<br />
afirmar-se como financiadora do investimento público, o qual inci<strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>mente no sector das infra-estruturas. Os autores explicam, porém, que,<br />
face à fungibilida<strong>de</strong> da ajuda, esta acaba por nem sempre financiar os projectos<br />
<strong>de</strong> investimento público a que se propõe.<br />
195 MAGRIÇO (20019, pp.52-53.<br />
196 MAGRIÇO (2001), pp.53-54.<br />
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