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Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

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concluíram que o mo<strong>de</strong>lo da injustiça explica pouco a rebelião. Já o mo<strong>de</strong>lo da<br />

cobiça traduz bem a realida<strong>de</strong> dos países em estudo, sendo o acesso aos bens<br />

primários <strong>de</strong> exportação o factor mais influente no risco <strong>de</strong> conflito.<br />

Por fim, os dois autores testaram um mo<strong>de</strong>lo integrado <strong>de</strong> cobiça/injustiça, tendo<br />

<strong>de</strong>scoberto que apenas uma fonte <strong>de</strong> injustiça - o domínio étnico - tem efeito no<br />

mo<strong>de</strong>lo da cobiça. Assim, países cujo maior grupo étnico representa entre 45 e<br />

90% da população, têm um risco redobrado <strong>de</strong> conflito, <strong>de</strong>vido à maior tendência<br />

da maioria para explorar a minoria.<br />

Esta premissa não se aplicará, porém, no caso africano. Segundo COLLIER &<br />

HOEFFLER (2000:12), esta excepção <strong>de</strong>ver-se-á ao facto <strong>de</strong>, nas poucas<br />

socieda<strong>de</strong> africanas aparentemente caracterizadas pelo domínio étnico, o maior<br />

grupo étnico ser, na verda<strong>de</strong>, dividido em sub-grupos distintos.<br />

Retomando o relatório <strong>de</strong> COLLIER et al.(2003:4) e tendo por base a teoria<br />

<strong>de</strong>scrita, po<strong>de</strong>mos afirmar que as características económicas do país serão muito<br />

mais importantes do que as razões étnicas e religiosas. Se analisarmos o mapa <strong>de</strong><br />

guerras civis <strong>de</strong> SMITH (2003:10-11), verificamos que estas se concentram nos<br />

países pobres e em <strong>de</strong>senvolvimento, o que se explicará pelo facto <strong>de</strong> as<br />

populações não virem satisfeitas as suas necessida<strong>de</strong>s básicas e por terem que<br />

lutar pelos recursos escassos. Por exemplo, um país em <strong>de</strong>clínio económico é<br />

mais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos bens primários <strong>de</strong> exportação e tem um rendimento per<br />

capita baixo e <strong>de</strong>sigualmente distribuído, sendo o risco <strong>de</strong> guerra civil elevado.<br />

Neste contexto, é bem mais fácil, por exemplo, contratar jovens pobres que<br />

aceitem fazer violência e terrorismo em troca <strong>de</strong> dinheiro.<br />

Também MUSCAT (2002:4) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> esta i<strong>de</strong>ia, sustentando que, apesar dos<br />

combatentes na maioria dos conflitos nos PED se <strong>de</strong>finirem em termos culturais<br />

– língua, religião, história, ascendência comum, etc. -, muitos <strong>de</strong>sses conflitos<br />

ten<strong>de</strong>m a contrariar a teoria <strong>de</strong> Samuel P. Huntington, segundo a qual a principal<br />

causa <strong>de</strong> conflitos no mundo após a Guerra Fria é o “choque <strong>de</strong> civilizações”<br />

entre Oci<strong>de</strong>nte, Islão, Hindu, Confucionismo, etc. MUSCAT (2002:4) nota que,<br />

em gran<strong>de</strong> parte dos conflitos em África, os grupos combatentes têm uma cultura<br />

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