Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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importância <strong>de</strong> se perceber o contexto histórico da rebelião e as características<br />
culturais e religiosas do país receptor da ajuda.<br />
Encontrámos um reflexo prático das diversas teorias e abordagens sobre a ajuda<br />
internacional e as guerras civis nos dois casos práticos do Sri Lanka e <strong>de</strong> Angola.<br />
No primeiro caso, a guerra <strong>de</strong> 20 anos foi marcada pela luta dos rebel<strong>de</strong>s do<br />
LTTE, minoria hindu, contra o Governo, com o objectivo <strong>de</strong> alcançar a<br />
in<strong>de</strong>pendência. Entre vários factores <strong>de</strong> influência, <strong>de</strong>stacaram-se as clivagens<br />
étnicas e o financiamento da guerra pela diáspora. No caso angolano, a guerra <strong>de</strong><br />
30 anos pelo po<strong>de</strong>r foi travada entre os rebel<strong>de</strong>s da UNITA e o Governo,<br />
contando cada um com um apoio mais expressivo <strong>de</strong> dois grupos étnicos<br />
diferentes. As potências regionais e mundiais tiveram aqui um papel<br />
fundamental, principalmente durante a Guerra Fria, bem como a existência <strong>de</strong><br />
dois recursos minerais valiosos no país - o petróleo e os diamantes – que<br />
ajudaram a financiar as duas partes envolvidas no pleito.<br />
Em ambos os casos, pareceu-nos indiscutível que a ajuda internacional<br />
<strong>de</strong>sempenhou um papel fundamental na distribuição <strong>de</strong> bens básicos, na<br />
reabilitação <strong>de</strong> algumas infra-estruturas, etc. Todavia, verificámos que essa ajuda<br />
foi marcada por alguns trâmites menos positivos, <strong>de</strong>signadamente o facto <strong>de</strong> a<br />
ajuda se substituir ao Estado nas suas funções sociais <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong><br />
serviços básicos, <strong>de</strong>sresponsabilizando-o e aumentando, assim, o seu capital<br />
disponível para aquisição <strong>de</strong> armamento militar. Além disso, a ajuda terá<br />
interferido, por vezes, em questões mais políticas, indo muito além dos seus<br />
objectivos básicos <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> ajuda <strong>de</strong> forma neutra, imparcial e<br />
universal. Des<strong>de</strong> logo, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter autorização do Governo para entrar<br />
no país po<strong>de</strong> ferir as susceptibilida<strong>de</strong>s dos rebel<strong>de</strong>s e evi<strong>de</strong>nciar uma posição dos<br />
actores humanitários e dos doadores.<br />
Concluímos que, <strong>de</strong> facto, a ajuda internacional po<strong>de</strong> influenciar o conflito para o<br />
bem e para o mal. A ajuda é fundamental, pelo que a comunida<strong>de</strong> internacional<br />
não po<strong>de</strong> fechar os olhos à violação dos DH e <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ajudar. Porém, se actuar<br />
<strong>de</strong> forma errada, po<strong>de</strong> contribuir para o prolongamento ou agravamento do<br />
conflito.<br />
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