Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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ARMIÑO (1997:25), por sua vez, sublinha o facto <strong>de</strong> as imposições dos<br />
organismos financeiros internacionais e da própria comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doadores em<br />
realizar reformas económicas e fortes restrições orçamentais, ocorreram em<br />
cenários frequentemente marcados pela <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> infra-estruturas e da<br />
economia e pela ampla miséria das populações, “precisamente quando é urgente<br />
enfrentar um maior número <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s.” 167 Aliás, o BM e principalmente o<br />
FMI têm sido muito criticados pelo seu carácter prescritivo mais do que<br />
consultivo e pelo facto <strong>de</strong> imporem políticas macro-económicas muito duras e<br />
ina<strong>de</strong>quadas aos países <strong>de</strong>struídos pela guerra, afirma ARMIÑO (1997:134).<br />
Ainda assim, ARMIÑO (1997:134-135) admite que “as instituições <strong>de</strong> Bretton<br />
Woods (BM e FMI) jogam um papel <strong>de</strong>terminante a nível financeiro:<br />
renegociação da dívida, concessão <strong>de</strong> crédito, assistência técnica sobre medidas<br />
<strong>de</strong> estabilização macro-económica, etc.” e acrescenta que o apoio do BM à<br />
estratégia <strong>de</strong> reconstrução <strong>de</strong> um país constitui normalmente para os doadores a<br />
prova <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> que requerem para mobilizar a ajuda.<br />
A verda<strong>de</strong> é que o impacto dos PAE terá variado <strong>de</strong> país para país, sendo este um<br />
bom exemplo <strong>de</strong> como, por vezes, a ajuda contribui favoravelmente para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, enquanto que noutras vezes o prejudica, po<strong>de</strong>ndo também<br />
exacerbar o conflito. Como afirma MUSCAT (2002:127-128), “algumas vezes,<br />
estes aspectos (do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento) – políticas específicas,<br />
programas, projectos, muitos dos quais envolveram agências internacionais <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento – exacerbaram os conflitos, noutras melhoraram-nos.”<br />
A este propósito, o autor refere dois tipos <strong>de</strong> abordagem. A abordagem “big<br />
bang” consiste na introdução <strong>de</strong> uma só vez <strong>de</strong> um pacote <strong>de</strong> transição política e<br />
<strong>de</strong> mudança institucional para impedir que interesses dos regimes anteriores<br />
minem essa acção. Foi o tipo <strong>de</strong> medida implementado na Polónia. A segunda<br />
abordagem <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> transição gradual, caso da Rússia 168 .<br />
Assim, MUSCAT (2002:127-128) conclui que o contexto e a forma como os<br />
programas são implementados é fundamental, na medida em que um programa<br />
167 ARMIÑO (1997), p.25 (Tradução nossa).<br />
168 MUSCAT (2002), p.129.<br />
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