Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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tradicional ajuda ao <strong>de</strong>senvolvimento e a ajuda humanitária, ultrapassando as<br />
barreiras intelectual, institucional e financeira” 146 .<br />
A CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE NUTRIÇÃO 147 acrescenta ainda outras<br />
medidas importantes a tomar, <strong>de</strong>signadamente (1) disponibilizar recursos para a<br />
fase <strong>de</strong> reabilitação, por forma a assegurar a capacida<strong>de</strong> do país actuar em futuras<br />
emergências; (2) não criar <strong>de</strong>pendência; (3) evitar impactos negativos nos hábitos<br />
alimentares e no marketing e produção alimentar local; (4) alertar os países<br />
receptores com a maior antecedência possível para que estes possam<br />
implementar recursos alternativos, antes <strong>de</strong> se reduzir ou interromper a ajuda<br />
alimentar. Por último e sempre que a<strong>de</strong>quado, (5) a ajuda alimentar <strong>de</strong>ve ser<br />
canalizada através <strong>de</strong> ONGs com a participação local e popular, <strong>de</strong> acordo com a<br />
legislação interna <strong>de</strong> cada país.<br />
A ajuda alimentar está muito ligada ao contexto da guerra, na medida em que é<br />
uma das primeiras a chegar aos cenários <strong>de</strong> guerra, juntamente com a assistência<br />
médica. Por isso mesmo, a ela estão associados alguns problemas como a<br />
efectiva recepção dos alimentos pelos beneficiários planeados, a imposição do<br />
medo pelos beligerantes, a exigência <strong>de</strong> pagamentos e subornos a vários níveis, o<br />
aumento dos roubos e assassínios, que tornam frequente a perda da ajuda<br />
humanitária em cenários <strong>de</strong> guerra.<br />
Devemos questionar-nos sobre a forma como a ajuda alimentar é efectuada,<br />
como são <strong>de</strong>finidos os seus <strong>de</strong>stinatários (se seleccionamos umas das partes, a<br />
outra po<strong>de</strong>rá assumir as agências <strong>de</strong> ajuda como inimigas), on<strong>de</strong> é dada essa<br />
ajuda (se escolhemos uma zona do país em guerra em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outra,<br />
po<strong>de</strong>remos provocar algumas alterações no teatro da guerra), etc.<br />
A este nível, refira-se a questão dos programas internacionais <strong>de</strong> ajuda,<br />
<strong>de</strong>signadamente do Programa “Petróleo por Comida” 148 das Nações Unidas,<br />
146 Relembramos que esta questão foi também abordada no ponto 3.1.1. relativamente à ajuda<br />
humanitária, sendo, <strong>de</strong> facto, uma preocupação comum aos dois tipos <strong>de</strong> ajuda.<br />
147 FAO (1992). Ver pontos 9 e 14 da “1992 International Conference on Nutrition”.<br />
148 No original,“Oil for food”. Após a adopção da Resolução 661 pelo Conselho <strong>de</strong> Segurança das<br />
Nações Unidas em Agosto <strong>de</strong> 1991 que impôs sanções económicas ao Iraque <strong>de</strong>vido à sua invasão ao<br />
Koweit, uma missão das Nações Unidas ao país em Março <strong>de</strong> 1991 concluiu que o povo iraquiano<br />
po<strong>de</strong>ria enfrentar uma catástrofe iminente, que incluiria epi<strong>de</strong>mia e fome, caso não lhe fosse dada<br />
rapidamente ajuda à sua sobrevivência. Face a esta situação, foi aprovada a Resolução 986, em Abril <strong>de</strong><br />
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