Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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10. Potencializar o tecido social local, apoiando os grupos <strong>de</strong> base que tenham<br />
sobrevivido à crise (cooperativas <strong>de</strong> camponeses, grupos <strong>de</strong> mulheres ou <strong>de</strong><br />
moradores, etc.), apoiando ainda a criação <strong>de</strong> outros novos, porquanto as<br />
socieda<strong>de</strong>s estruturadas têm uma maior capacida<strong>de</strong> para se recompor e resistir<br />
às crises.<br />
11. Reforçar as capacida<strong>de</strong>s dos parceiros locais, quer sejam instituições públicas<br />
ou ONG, incluindo expressamente nos projectos uma componente <strong>de</strong> apoio à<br />
formação (na i<strong>de</strong>ntificação, execução, acompanhamento e avaliação <strong>de</strong><br />
projectos; gestão e contabilida<strong>de</strong>, etc.)<br />
12. Prestar uma gran<strong>de</strong> atenção à sustentabilida<strong>de</strong> dos projectos, dando priorida<strong>de</strong><br />
à criação <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s locais e à auto-suficiência local. Assegurar que os<br />
gastos correntes <strong>de</strong>rivados do projecto (escola, centro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, etc.) serão<br />
assumidos pelo Estado, alguma agência internacional ou a comunida<strong>de</strong>. Em<br />
alguns projectos (escolas, poços) po<strong>de</strong>m estabelecer-se mecanismos<br />
produtivos que originem recursos (moinhos, hortas) ou <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> fundos<br />
(comités <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> poços) para financiar as <strong>de</strong>spesas correntes.<br />
13. Programar projectos com duração prolongada ou, melhor ainda, inseridos<br />
num processo <strong>de</strong> apoio durável à zona ou grupo em questão, durante o qual se<br />
enca<strong>de</strong>iam diferentes projectos, a fim <strong>de</strong> garantir que os frutos da ajuda se<br />
consoli<strong>de</strong>m e sejam sustentáveis. Incluir nos projectos componentes com<br />
objectivos a curto, médio e longo prazo.<br />
14. Evitar a <strong>de</strong>pendência da ajuda externa, mantendo um <strong>de</strong>licado equilíbrio entre<br />
ajudar o suficiente e não ajudar em <strong>de</strong>masia. Substituir o mais rapidamente<br />
possível as abordagens caritativas das doações gratuitas (que ao invés <strong>de</strong><br />
incentivar a produção criam uma mentalida<strong>de</strong> passiva, reduzindo<br />
frequentemente essa produção) por esquemas como os projectos <strong>de</strong> fomento<br />
agro-pecuário, <strong>de</strong> alimentos pelo trabalho, ou <strong>de</strong> fundos rotativos <strong>de</strong> animais<br />
ou <strong>de</strong> crédito, a fim <strong>de</strong> promover uma mentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-suficiência,<br />
poupança e planeamento a longo prazo.<br />
15. Privilegiar a utilização <strong>de</strong> recursos materiais locais, por forma a estimular a<br />
economia local, e <strong>de</strong> pessoal local, contribuindo para a sua formação, apesar<br />
das dificulda<strong>de</strong>s que esta estratégia possa colocar. Evitar <strong>de</strong>ste modo a criação<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências face à ajuda externa.<br />
16. Promover a participação local em projectos (planeamento, gestão,<br />
coor<strong>de</strong>nação, acompanhamento e avaliação), tanto das autorida<strong>de</strong>s<br />
administrativas como das autorida<strong>de</strong>s tradicionais e da população, <strong>de</strong> forma a<br />
serem <strong>de</strong>senhados e executados com base nas suas necessida<strong>de</strong>s e<br />
expectativas, e a fim <strong>de</strong> os sentirem como seus, facilitando a sustentabilida<strong>de</strong><br />
dos mesmos. Apesar das dificulda<strong>de</strong>s existentes quando se trata <strong>de</strong> acções<br />
urgentes ou a <strong>de</strong>sorganização da socieda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser conveniente <strong>de</strong>dicar<br />
algum tempo a promover a organização da população antes da execução dos<br />
projectos. A reabilitação é um processo que po<strong>de</strong> ser catalisado e apoiado a<br />
partir <strong>de</strong> fora, mas que é, em si mesmo, um processo interno. Por isso é<br />
necessário trabalhar com a população, não para ela, ajudá-la a ajudar-se e<br />
reforçar os seus próprios mecanismos <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>.<br />
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