Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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abastecimento <strong>de</strong> água e saneamento (6.7%), a educação (5.90%) e, por último,<br />
outras infra-estruturas sociais e serviços (5%).<br />
Enquanto que no Sri Lanka se <strong>de</strong>stacam os sectores da energia (16.37%), da<br />
agricultura, floresta e pescas (15.46%) e ainda do transporte e armazenamento<br />
(12.86%), isto é, sectores mais orientados para o crescimento económico do país,<br />
em Angola, <strong>de</strong>stacam-se a emergência não alimentar e auxílio (16.37%), a ajuda<br />
alimentar excluindo a assistência alimentar (9.47%) e a agricultura, florestas e<br />
pesca (10.83%) 380 , isto é, as áreas priorizadas pela APD pren<strong>de</strong>m-se com os<br />
serviços e sectores básicos cujo funcionamento compete ao Estado assegurar,<br />
facto que parece evi<strong>de</strong>nciar o efeito <strong>de</strong> substituição da ajuda, pelo menos ao<br />
nível do financiamento <strong>de</strong>sses sectores.<br />
Neste caso, sobressaíram as áreas associadas à ajuda humanitária que ten<strong>de</strong> a<br />
ultrapassar a actuação ao nível dos actores locais e do próprio Estado, exercendo<br />
directamente as funções <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> bens humanitários, géneros<br />
alimentares e outro tipo <strong>de</strong> auxílio em tempo <strong>de</strong> guerra, substituindo, mais uma<br />
vez e <strong>de</strong> forma mais evi<strong>de</strong>nte, o próprio Estado, não só no financiamento como<br />
na própria actuação.<br />
Liberto da obrigação política <strong>de</strong> assegurar o acesso da população aos bens e<br />
serviços mínimos em tempo <strong>de</strong> guerra e aliviado pela APD com os encargos<br />
financeiros em sectores-chave, o Estado po<strong>de</strong>, assim, empenhar-se na luta contra<br />
a rebelião e canalizar mais recursos financeiros para eliminar o oponente.<br />
No entanto, comparando as duas situações, a verda<strong>de</strong> é que, <strong>de</strong> acordo com<br />
SMITH (2003), o Sri Lanka teve um aumento das <strong>de</strong>spesas militares entre 1985 e<br />
2000 em mais <strong>de</strong> 100%, enquanto que em Angola esse aumento foi apenas <strong>de</strong> 10<br />
a 50%. Esta constatação é aparentemente contraditória com o que seria <strong>de</strong><br />
esperar. Isto po<strong>de</strong> ser explicado pelo facto <strong>de</strong> o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas militares em<br />
380 Note-se que as percentagens <strong>de</strong> ajuda dada ao Sri Lanka por sector indicadas na tabela 5 acusam<br />
pequenas diferenças relativamente à igual análise feita no estudo <strong>de</strong> caso. Esta discrepância explica-se<br />
pelo facto <strong>de</strong>, no estudo <strong>de</strong> caso, se ter abrangido o período <strong>de</strong> 1980 a 2003, enquanto que neste capítulo<br />
se optou por abranger todo o período <strong>de</strong> 1973 a 1980 para enquadrar e comparar os dois estudos <strong>de</strong> caso –<br />
Angola e Sri Lanka. No caso angolano, existem também pequenas diferenças, uma vez que, no estudo <strong>de</strong><br />
caso, foi feita uma divisão entre a APD recebida antes do fim da Guerra Fria e após a queda do muro <strong>de</strong><br />
Berlim. Neste capítulo, optou-se por integrar uma só época para efeitos <strong>de</strong> comparação.<br />
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