Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
década <strong>de</strong> 90, com fortes interesses que dificilmente seriam <strong>de</strong>smantelados. De<br />
salientar que, segundo o autor, apesar <strong>de</strong> os recursos terem permitido sustentar os<br />
esforços <strong>de</strong> guerra, “isso não significa necessariamente que tenham sido a fonte<br />
ou o motivo do conflito” 319 .<br />
ROSS (2002:2-5), por seu turno, explica que a <strong>de</strong>pendência dos recursos naturais<br />
promove a guerra civil <strong>de</strong> quatro formas: (1) prejudicando a performance<br />
económica do país, na medida em que reduz o crescimento e aumenta a pobreza;<br />
(2) tornando o Governo mais fraco, corrupto e menos responsável; (3) dando às<br />
populações <strong>de</strong>ssas regiões um incentivo para formar um estado in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte; (4)<br />
financiando os movimentos rebel<strong>de</strong>s. No caso <strong>de</strong> Angola, o petróleo foi a fonte<br />
do Governo para financiar a guerra, enquanto os diamantes financiaram a acção<br />
da UNITA 320 .<br />
Porém, a influência dos recursos naturais em Angola não terá sido sempre linear.<br />
Segundo ROSS (2002:20), durante a Guerra Fria e o Apartheid na África do Sul,<br />
a UNITA foi apoiada e financiada pelos EUA e pela África do Sul. Só com o fim<br />
da Guerra Fria, os rebel<strong>de</strong>s angolanos per<strong>de</strong>ram os financiadores externos e<br />
passaram a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r muito mais fortemente dos lucros dos diamantes.<br />
Segundo o WORLD BANK (2003b:4), a UNITA tinha já perdido força antes da<br />
morte <strong>de</strong> Savimbi, não apenas <strong>de</strong>vido à perda <strong>de</strong> território, mas também <strong>de</strong>vido à<br />
campanha internacional promovida contra o contrabando dos diamantes. Até<br />
então, foi o valor relativo dos recursos controlados que manteve a força das<br />
partes opostas após o fim do apoio <strong>de</strong> financiadores externos, indica o WORLD<br />
BANK (2003b:4).<br />
O processo Kimberley tratou-se <strong>de</strong> uma iniciativa privada das gran<strong>de</strong>s<br />
companhias do sector dos diamantes, que teve como objectivo estabelecer<br />
regulamentação económica sobre o comércio <strong>de</strong> diamantes e criar um sistema <strong>de</strong><br />
certificação <strong>de</strong> diamantes em bruto 321 . Os participantes no processo acordaram<br />
em estabelecer medidas <strong>de</strong> controlo interno para evitar o conflito na importação e<br />
319 Tradução nossa.<br />
320 ANDERSEN (2003), p.7.<br />
321 COLLIER, Paul et al. (2003), p.143. Esta iniciativa começou formalmente em Novembro <strong>de</strong> 2002. O<br />
sistema <strong>de</strong> certificação internacional <strong>de</strong> diamantes em bruto criado baseou-se em standards acordados<br />
internacionalmente para os certificados <strong>de</strong> origem e para sistemas <strong>de</strong> certificação nacional.<br />
190