Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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A situação militar em Angola influenciou bastante a economia do país, na<br />
medida em que as repercussões das acções militares que incidiram sobre alvos<br />
económicos ou criaram dificulda<strong>de</strong>s para a manutenção da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns<br />
sectores económicos como a agricultura e transportes, tendo sido particularmente<br />
visíveis ao nível macroeconómico através do Orçamento Geral do Estado (OGE),<br />
do PIB e da dívida externa 312 .<br />
Terminados quase 30 anos <strong>de</strong> guerra civil, as infra-estruturas <strong>de</strong> Angola ficaram<br />
em ruínas: centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, hospitais e escolas foram <strong>de</strong>struídos. O mesmo<br />
aconteceu às pontes, a um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> barragens e estradas, resultado <strong>de</strong><br />
uma estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição pela UNITA <strong>de</strong> infra-estruturas e da produção nas<br />
zonas sob controlo governamental 313 . A agravar esse cenário está a existência <strong>de</strong><br />
milhões <strong>de</strong> minas terrestres que continuam espalhadas pelo interior do país,<br />
apesar dos avanços das equipas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sminagem.<br />
O fim do conflito trouxe também inúmeros <strong>de</strong>safios ao país, nomeadamente o<br />
retorno e a reintegração <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados internos, <strong>de</strong> refugiados nos<br />
países vizinhos e dos ex-combatentes <strong>de</strong>slocados durante a guerra 314 . Os números<br />
indicam que, em 2003, mais <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados internos e cerca <strong>de</strong><br />
25% dos refugiados externos já tinham retornado às suas terras <strong>de</strong> origem, sendo<br />
que, no final do semestre <strong>de</strong> 2004, o Governo <strong>de</strong>u por acabada a operação <strong>de</strong><br />
reintegração dos <strong>de</strong>slocados internos e o fim dos campos <strong>de</strong> combatentes,<br />
restando ainda um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocados em países vizinhos.<br />
Infelizmente, estes movimentos <strong>de</strong> retorno têm causado centenas <strong>de</strong> mortos e<br />
feridos, principalmente <strong>de</strong>vido ao elevado número <strong>de</strong> minas terrestres espalhadas<br />
pelo país, estando muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da ajuda humanitária, principalmente<br />
mulheres, crianças e outros grupos mais vulneráveis.<br />
Segundo a Human Rights Watch 315 , os refugiados angolanos, cuja maioria se<br />
exilou na RCD e na Zâmbia, retornaram espontaneamente a Angola, apesar dos<br />
312 FERREIRA (1999), pp.246-247.<br />
313 ARMIÑO (1997), p.21.<br />
314 Sobre este assunto, ver www.hrw.org/portuguese/reports/angola0803/3.htm<br />
315 Sobre este assunto, ver .hrw.org/portuguese/reports/angola0803/3.htm. As informações relatadas têm<br />
por base um relatório da HRW, resultante <strong>de</strong> uma pesquisa da Organização que <strong>de</strong>correu entre Março e<br />
Abril <strong>de</strong> 2003. A metodologia utilizada consistiu na entrevista a mais <strong>de</strong> 50 <strong>de</strong>slocados internos,<br />
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