Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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No continente africano, Angola e a Eritreia tiveram as <strong>de</strong>spesas militares mais<br />
elevadas entre 1997 e 2002, enquanto que na Ásia e Oceânia os valores mais<br />
elevados foram os do Paquistão. No Médio Oriente, <strong>de</strong>staca-se a Jordânia.<br />
Num quadro global, os PED quintuplicaram as suas <strong>de</strong>spesas militares <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
década <strong>de</strong> 60 e quase triplicaram a sua quota nos gastos militares a nível mundial,<br />
indicam MASI & LORIE (1989:130) 201 , tendo esses <strong>de</strong>senvolvimentos afectado a<br />
balança <strong>de</strong> pagamentos, o orçamento governamental e também possivelmente a<br />
taxa <strong>de</strong> crescimento económico.<br />
Segundo CASCÃO & BRAGA (2004:136), “não é (...) <strong>de</strong> estranhar que o fim da<br />
Guerra Fria (...) tenha apenas permitido que se expurgasse do padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas<br />
militares as dinâmicas (e os fluxos financeiros) directamente relacionados com o<br />
conflito latente e ubíquo, preconizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 50 pelos dois pólos<br />
i<strong>de</strong>ológicos”. E prosseguem: “a atestá-lo basta que se atente na manutenção, ao<br />
longo <strong>de</strong> toda a década <strong>de</strong> 90, <strong>de</strong> elevados orçamentos consagrados à<br />
militarização política das relações internacionais (em termos globais <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas<br />
pública, nunca abaixo dos 10%, mais do que se afectou no mesmo período, por<br />
exemplo, à Saú<strong>de</strong> ou à Educação)”.<br />
Já em 1991, WULF (1991:1) afirmava que o rácio das <strong>de</strong>spesas militares face ao<br />
PIB nos países do Terceiro Mundo era, em média, superior a 4% e mais elevado<br />
que a maioria dos países europeus oci<strong>de</strong>ntais.<br />
Face a este cenário, parece inevitável interrogarmo-nos se, ao financiar o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, não estarão os actores internacionais a financiar, <strong>de</strong> forma<br />
indirecta, a guerra?<br />
COLLIER & DOLLAR (2001:12) afirmam que a ajuda afecta potencialmente o<br />
risco <strong>de</strong> conflito através do aumento do orçamento governamental, na medida em<br />
que po<strong>de</strong> ter duas consequências: 1) permitir que o Governo aumente as suas<br />
<strong>de</strong>spesas militares ou 2) funcionar como um atractivo para a captura do Estado<br />
pelos rebel<strong>de</strong>s, o que, por sua vez, aumentará a instabilida<strong>de</strong> interna do país.<br />
Também COLLIER & HOEFFLER (2002c:4-7) afirmam que a disponibilida<strong>de</strong><br />
201 Segundo MASI & LORIE (1989), pp.133, a percentagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas militares dos PED face às<br />
<strong>de</strong>spesas militares mundiais era <strong>de</strong> 7% em 1960, 11,3% em 1970 e 17,4% em 1980.<br />
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