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Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

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os factores políticos, sociais e económicos que produziram o conflito. Sublinhe-<br />

se, no entanto, que “a ajuda por si só não cria o conflito, mas po<strong>de</strong> exacerbar as<br />

divisões na socieda<strong>de</strong> e levá-las à violência aberta <strong>de</strong> três formas: política,<br />

económica e sociocultural” 241 .<br />

Face a isto, e segundo o autor, “as boas intenções da ajuda internacional não são<br />

suficientes para assegurar que esta não seja prejudicial” 242 . Não significa isso<br />

que a ajuda <strong>de</strong>va acabar, a sua prática é que <strong>de</strong>ve ser repensada.<br />

Parece-nos indiscutível que os cenários <strong>de</strong> guerra civil são ambientes com algum<br />

grau <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> política e social que não po<strong>de</strong>m ser abordados <strong>de</strong> forma<br />

simplista. Será também esta a i<strong>de</strong>ia que JACKSON (2001:3) preten<strong>de</strong> passar ao<br />

sustentar que não <strong>de</strong>ve ser feita uma distinção tão rígida entre os diferentes tipos<br />

<strong>de</strong> ajuda – <strong>de</strong>senvolvimento, reabilitação e auxílio – e que essa rigi<strong>de</strong>z é<br />

justamente uma das fontes do impacto negativo da ajuda.<br />

Qual o método a aplicar para realizar uma boa ajuda? De acordo com a<br />

abordagem do no harm, há cinco passos essenciais:<br />

1º) I<strong>de</strong>ntificar as principais divisões e fontes <strong>de</strong> tensão;<br />

2º) I<strong>de</strong>ntificar os factores <strong>de</strong> coesão;<br />

3º) Chegar a um entendimento sobre um programa <strong>de</strong> ajuda;<br />

4º) I<strong>de</strong>ntificar os mecanismos exactos, através dos quais a ajuda po<strong>de</strong> ter um<br />

impacto positivo ou negativo;<br />

5º) I<strong>de</strong>ntificar opções que reforcem os bons resultados e reduzam os maus.<br />

Assegurados estes passos, a abordagem sustenta que está aberto o caminho para<br />

uma posição mais saudável da ajuda face ao conflito.<br />

Também MUSCAT (2002:124) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> este tipo <strong>de</strong> abordagem e admite o seu<br />

optimismo na crença <strong>de</strong> que muitos, mas não todos, dos actuais conflitos po<strong>de</strong>m<br />

ser mitigados, que o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>liberadamente<br />

gerido e mo<strong>de</strong>lado para prevenir que diferentes interesses materiais <strong>de</strong>generem<br />

em conflito violento, e que as agências <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento internacionais po<strong>de</strong>m<br />

241 JACKSON (2001), p.6 (Tradução nossa).<br />

242 JACKSON (2001), p.10 (Tradução nossa. A expressão original é “do no harm”).<br />

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