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Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

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suficiência das populações”, embora reconheça que o preço a pagar pela<br />

suspensão da assistência para evitar consequências in<strong>de</strong>sejadas po<strong>de</strong> implicar o<br />

sofrimento e a morte <strong>de</strong> pessoas inocentes. Decisões <strong>de</strong>ste tipo são inerentemente<br />

políticas, como afirma a agência, cabendo aos intervenientes humanitários a<br />

<strong>de</strong>cisão ingrata <strong>de</strong> “escolher entre nada fazer ou optar pelo mal menor” 187 .<br />

Também no contexto pós-guerra são apontadas críticas à ajuda internacional.<br />

ARMIÑO (1997:16-17) consi<strong>de</strong>ra a ajuda cara e pouco eficiente e afirma mesmo<br />

que “os seus resultados são escassos e, por vezes, mesmo negativos e pouco<br />

sustentáveis no tempo”. O autor explica esta ineficácia pelo facto <strong>de</strong> se priorizar<br />

a ajuda humanitária e o <strong>de</strong>senvolvimento em <strong>de</strong>trimento da reabilitação pós-<br />

guerra – área que consi<strong>de</strong>ra fundamental para promover a reconciliação e a<br />

reconstrução económica, social e política. Defen<strong>de</strong>, assim, a promoção da ajuda à<br />

reabilitação vocacionada para (1) a pacificação e a manutenção da segurança,<br />

através <strong>de</strong> acções <strong>de</strong> <strong>de</strong>smobilização, <strong>de</strong>sminagem, supervisão <strong>de</strong> acordos <strong>de</strong> paz;<br />

(2) a reabilitação material e económica, através da reintegração <strong>de</strong> refugiados e<br />

<strong>de</strong>slocados <strong>de</strong> guerra, da segurança alimentar, da reabilitação <strong>de</strong> infra-estruturas;<br />

(3) a reabilitação dos serviços sociais básicos, <strong>de</strong>signadamente <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

educação e abastecimento <strong>de</strong> água potável; (4) a reabilitação da socieda<strong>de</strong>,<br />

através do apoio às populações mais vulneráveis – mulheres e crianças - , da<br />

superação <strong>de</strong> sequelas psicológicas; e (5) a reabilitação política e institucional,<br />

através do apoio à criação <strong>de</strong> instituições novas e pluralistas.<br />

GOODHAND & ATKINSON (2001:11) explicam que os argumentos <strong>de</strong> que a<br />

ajuda po<strong>de</strong>, em alguns casos, fazer mais mal do que bem, alimentando a<br />

economia <strong>de</strong> guerra, corroendo o contrato social entre governos e populações,<br />

legitimando a acção <strong>de</strong> grupos hostis e minando as estratégias <strong>de</strong> luta locais,<br />

levaram a que, em meados da década <strong>de</strong> 90, tivessem surgido movimentos<br />

críticos relativos ao papel da ajuda humanitária em contextos <strong>de</strong> países em<br />

conflito. Essa crítica levou à análise sobre o papel das agências <strong>de</strong> ajuda e à<br />

187 ACNUR (2000), p.293.<br />

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