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Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

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Evi<strong>de</strong>nciámos a influência da ajuda no orçamento estatal dos países receptores,<br />

na medida em que, ao canalizar verbas para sectores-chave como a saú<strong>de</strong> pública<br />

e a educação, os doadores dão, ainda que inconscientemente, margem <strong>de</strong><br />

manobra aos governos para aumentar as <strong>de</strong>spesas militares (que aumentaram<br />

bastante na segunda meta<strong>de</strong> do século XX) e, assim, perpetuar a guerra.<br />

Para o efeito, referimos o estudo <strong>de</strong> MASI & LORIE (1989) que concluem que as<br />

<strong>de</strong>spesas militares são flexíveis às exigências e aos apertos fiscais impostos pelo<br />

FMI, sendo o orçamento militar dos governos <strong>de</strong>finido pela interacção <strong>de</strong><br />

aspectos políticos e económicos. Destaque-se a questão da existência <strong>de</strong><br />

indústrias locais <strong>de</strong> armamento e da aliança a uma potência mundial.<br />

Em seguida, verificámos que a <strong>de</strong>pendência da ajuda po<strong>de</strong> trazer algumas<br />

rasteiras, como, por exemplo, o facto <strong>de</strong> provocar várias consequências<br />

prejudiciais para o Estado receptor, <strong>de</strong>signadamente a perda do controlo do<br />

processo <strong>de</strong> reabilitação pelo Governo; a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável e centrado nos recursos nacionais ou ainda a imposição <strong>de</strong> condições<br />

<strong>de</strong>masiado rígidas pelos doadores (o caso das reformas liberais). A este<br />

propósito, referimos o relatório do WORLD BANK (1998), marcado por um<br />

novo tipo <strong>de</strong> abordagem que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a afectação da ajuda <strong>de</strong>ve ser feita em<br />

conssonância com o ambiente político dos países receptores. Vimos também a<br />

onda <strong>de</strong> reacções a esta posição, que suscitou o <strong>de</strong>bate sobre a fungibilida<strong>de</strong> da<br />

ajuda, entre outras questões.<br />

Sobre esse assunto, salientámos ainda a importância da responsabilida<strong>de</strong> política<br />

dos Governos receptores da ajuda e do interesse mútuo entre partes, i<strong>de</strong>ias<br />

reflectidas em dois documentos <strong>de</strong> referência: o White Paper britânico e a<br />

proposta sueca Partnership with Africa.<br />

Vimos como a condicionalida<strong>de</strong> da ajuda po<strong>de</strong> ter o efeito oposto quando os<br />

países receptores jogam com os interesses político-económicos dos doadores,<br />

condicionando as posições e parcerias políticas ao volume <strong>de</strong> ajuda recebida.<br />

No entanto, as maiores falhas da ajuda internacional po<strong>de</strong>m eventualmente<br />

resultar dos objectivos dos doadores que, apesar <strong>de</strong> estarem atentos a questões<br />

como a violação dos DH e outras atrocida<strong>de</strong>s cometidas no palco <strong>de</strong> guerra,<br />

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