Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository

mobilização da “vontade política”, orientada para a prevenção do conflito, será
mais fácil que a mobilização dessa vontade para a intervenção militar.
Parece-nos, portanto, que o primeiro passo a dar pela comunidade internacional
ao nível da ajuda passará justamente por uma aposta forte na prevenção das
guerras civis que, como vimos no primeiro capítulo, trazem consequências
terríveis não só para os países onde ocorrem, como para esta “aldeia global”.
3. Síntese e Conclusões
Neste capítulo, revimos as ideias-chave abordadas ao longo da dissertação sobre
as características das guerras, as principais causas e consequências e os actores
externos envolvidos, aplicadas à luz dos casos de Angola e do Sri Lanka.
Comparámos o volume de ajuda dada aos dois países e concluímos que a ajuda
per capita dada a Angola é significativamente superior, tendo procurado a
explicação para esse facto na actuação de doadores bilaterais e multilaterais e
nas características económicas dos próprios países em função do modelo de
CHAUVET (2002).
Comparámos ainda as tendências na evolução da ajuda ao longo do tempo nos
dois países, bem como o peso relativo da ajuda de emergência, sendo esta, como
seria de esperar, substancialmente superior em Angola.
Enumerámos aspectos positivos e negativos da ajuda humanitária prestada
durante guerra, recorrendo, para o efeito, à análise dos parâmetros de PERRIN
(1998): o impacto da ajuda no nível de violência e na duração do conflito.
No que concerne a influência da ajuda na duração do conflito, concluímos que,
ao actuar em sectores-chave da economia e do desenvolvimento do país, a ajuda
pode levar o Estado a eximir-se das suas responsabilidades, situação que, por si
só, poderá prejudicar o normal funcionamento das instituições e aumentar a
dependência de ajuda. Além disso, este cenário permite que o Governo canalize
mais recursos financeiros para a guerra, perpetuando-a. Desta forma, concluímos
que a ajuda pode efectivamente prolongar o conflito.
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