Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
FERREIRA (1999:317), por sua vez, explica que as <strong>de</strong>spesas militares angolanas<br />
<strong>de</strong>pendiam <strong>de</strong> financiamentos externos, mesmo estando inscritas no OGE. Essa<br />
situação foi particularmente evi<strong>de</strong>nte quando o país se socorreu da importação<br />
para garantir o armamento indispensável e um leque <strong>de</strong> bens e serviços que não<br />
conseguia garantir. A satisfação da procura interna do sector da <strong>de</strong>fesa teve,<br />
assim, que ser, na sua quase totalida<strong>de</strong>, garantida pela importação, o que fez com<br />
que a dívida externa militar atingisse valores significativos. Neste sentido, “as<br />
<strong>de</strong>spesas militares tiveram um impacto negativo pelo <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> recursos do<br />
investimento produtivo” 361 .<br />
ZUMBA (2001:125) explica que esse fenómeno (agravamento da dívida externa)<br />
se <strong>de</strong>ve a “uma insuficiência crónica da poupança para financiar as novas<br />
aplicações <strong>de</strong> capital geradores <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento”, associada a um “<strong>de</strong>ficiente<br />
sistema financeiro angolano e à existência <strong>de</strong> baixos rendimentos das famílias e<br />
empresas”. É neste contexto que a assistência externa assume um papel<br />
importante 362 , produzindo um efeito superior na taxa <strong>de</strong> crescimento da economia<br />
quando esta é mais limitada pela escassez <strong>de</strong> divisas do que pela poupança<br />
interna. Em contrapartida, o autor sublinha também que a APD em Angola foi<br />
alocada prioritariamente para sectores improdutivos <strong>de</strong> assistência humanitária e<br />
<strong>de</strong> emergência, pelo que, e recorrendo ao Mo<strong>de</strong>lo do Dual Gap, o seu impacto no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento económico e social terá sido diminuto.<br />
A OXFAM INTERNATIONAL (2001:1) alerta para o facto <strong>de</strong> (no início do<br />
século XXI) os gastos públicos em serviços sociais (saú<strong>de</strong> e educação)<br />
continuarem “a representar apenas uma ínfima fracção comparativamente ao que<br />
é gasto com a guerra”. E prossegue: “o Governo <strong>de</strong> Angola não <strong>de</strong>spen<strong>de</strong> o<br />
suficiente com a ajuda humanitária, não obstante o facto <strong>de</strong> existirem milhões <strong>de</strong><br />
angolanos em carência” 363 . Além disso, “o Ministério da Assistência e<br />
Reinserção Social (MINARS) não é claro relativamente ao montante que o<br />
Governo atribui à ajuda humanitária. De acordo com as fontes do PNUD, o<br />
Governo atribuiu 3.4% do seu orçamento ao MINARS em 2001, cobrindo a<br />
361 FERREIRA (1999), p.320.<br />
362 Sobre este assunto, rever o Mo<strong>de</strong>lo do Dual Gap referido no capítulo III.<br />
363 OXFAM (2001), p.1.<br />
211