Tese de Mestrado DCI.pdf - UTL Repository
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Também o caso da RDC (antigo Zaire) é ilustrativo da influência dos governos<br />
locais. Neste conflito, marcado por assassinatos ilegais, tortura e estupro <strong>de</strong> civis<br />
cometidos pelas forças <strong>de</strong> todas as partes envolvidas, morreram mais <strong>de</strong> 3<br />
milhões <strong>de</strong> civis por fome e doença <strong>de</strong>s<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1998. Apesar disso, a<br />
OXFAM INTERNACIONAL (OI) & AMNISTIA INTERNACIONAL (AI)<br />
(2003:2) afirmam que muitos países continuaram a enviar armas ao antigo<br />
Governo zairense, nomeadamente a Bélgica, China, França, Alemanha, Israel,<br />
Espanha, Reino Unido e EUA. As duas organizações afirmam também que “já<br />
foram usadas no conflito armas leves e equipamento militar, entregues pela<br />
Albânia, China, Egipto, Israel, Roménia, Eslováquia, África do Sul e outros<br />
países aos governos <strong>de</strong> Ruanda, Uganda e Zimbabwe” 68 .<br />
Segundo a OI & AI (2003:2), a AI encontrou provas do fornecimento militar, em<br />
novembro <strong>de</strong> 2001 em Kisangani 69 , na forma <strong>de</strong> cartuchos para metralhadoras<br />
pesadas (Coreia do Norte, China e Rússia), revólveres russos, fuzis automáticos<br />
da África do Sul, armamento antiaéreo chinês e lança granadas automáticos da<br />
Rússia, Bulgária e Eslováquia. A esta lista acrescentam-se ainda a Itália, que terá<br />
exportado armas, munição e explosivos no valor <strong>de</strong> quase 10 milhões <strong>de</strong> dólares,<br />
e o Reino Unido, que não proibiu os pilotos britânicos e as empresas aéreas <strong>de</strong><br />
transporte <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> fornecer armamento às forças armadas na RDC.<br />
Face a este cenário, extensível a muitos outros países, a OI & AI (2003:4) apelam<br />
a todos os governos para que controlem e limitem o fluxo e a expansão da<br />
produção <strong>de</strong> armas. As organizações sustentam que “no mínimo, (...) não <strong>de</strong>vem<br />
fornecê-las em lugares on<strong>de</strong> há risco evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> serem usadas para cometer<br />
violações <strong>de</strong> direitos humanos e das leis humanitárias internacionais” 70 .<br />
A este propósito, a OI & AI (2003:4) relembram que os cinco membros<br />
permanentes do Conselho <strong>de</strong> Segurança da ONU – França, Rússia, China, Reino<br />
Unido e EUA – são, por si só, responsáveis por 88% da exportação mundial <strong>de</strong><br />
68 OI & AI (2003), p.2.<br />
69 Segundo a OI & AI (2003:2), Kisangani foi palco <strong>de</strong> intensos combates que provocaram a morte <strong>de</strong><br />
muitos civis.<br />
70 OI & AI (2003), pp.4-5.<br />
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