13.04.2013 Views

A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

homens a se unirem e estabelecerem livremente entre si o contrato social, que realiza a<br />

passagem <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> natureza para a socieda<strong>de</strong> política ou civil” (MELLO, 2006<br />

p.86).<br />

Primeiramente o ser humano é proprietário <strong>de</strong> si mesmo, sen<strong>do</strong> proprietário<br />

também <strong>do</strong>s bens naturais que garantem sua vida. A liberda<strong>de</strong> e a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivam da<br />

proprieda<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> esta para Locke, instituída pelo trabalho, e, portanto, direito<br />

exclusivo daqueles que trabalham a terra (matéria bruta) e incorporam seu trabalho a<br />

ela. Porém, com o advento <strong>do</strong> dinheiro e <strong>do</strong> comércio, a proprieda<strong>de</strong> passou a po<strong>de</strong>r ser<br />

adquirida pela compra. Como a proprieda<strong>de</strong> já existe no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> natureza, o Esta<strong>do</strong><br />

não po<strong>de</strong> violar esse direito natural <strong>do</strong>s indivíduos 3 . O contrato social feito por meio <strong>de</strong><br />

um pacto <strong>de</strong> consentimento protege esse direito natural, agora com o amparo da lei, <strong>do</strong><br />

árbitro e da força comum <strong>de</strong> um corpo político unitário. O consentimento unânime para<br />

a entrada no esta<strong>do</strong> civil é segui<strong>do</strong> da escolha pela comunida<strong>de</strong> da forma <strong>de</strong> governo e<br />

<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r legislativo, ou po<strong>de</strong>r supremo, sen<strong>do</strong> atribuí<strong>do</strong> a esse maior força que o po<strong>de</strong>r<br />

executivo e o po<strong>de</strong>r fe<strong>de</strong>rativo. A tirania acontece quan<strong>do</strong> o governo viola a lei<br />

estabelecida e atenta contra a proprieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> cumprir o fim a que fora<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>. Nesse caso, instaura-se um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> guerra e os governantes possuem<br />

direito legítimo <strong>de</strong> recorrer à força e resistir contra a opressão. “Através <strong>do</strong>s princípios<br />

<strong>de</strong> um direto natural preexistente ao Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> no consenso, <strong>de</strong><br />

subordinação <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r executivo ao po<strong>de</strong>r legislativo, <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r limita<strong>do</strong>, <strong>de</strong> direito<br />

<strong>de</strong> resistência, Locke expôs as diretrizes fundamentais ao Esta<strong>do</strong> liberal” (BOBBIO<br />

apud MELLO, 2006, 88).<br />

Rousseau vai ocupar um papel bastante diferencia<strong>do</strong> na tradição contratualista,<br />

pois como argumenta Coutinho, ele foi um crítico da ascen<strong>de</strong>nte socieda<strong>de</strong> mercantil-<br />

burguesa <strong>de</strong> sua época – a “société civile” fundada na proprieda<strong>de</strong> privada. Porquanto<br />

entenda como Locke que o contrato tem por finalida<strong>de</strong> garantir a proprieda<strong>de</strong>, ao<br />

contrário <strong>do</strong> liberal que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> tal contrato, este, segun<strong>do</strong> o pensa<strong>do</strong>r genebrino,<br />

consolida a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social e a opressão <strong>do</strong>s ricos sobre os pobres. “Rousseau busca<br />

<strong>de</strong>monstrar que a raiz da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> está na divisão <strong>do</strong> trabalho, na proprieda<strong>de</strong><br />

privada que a acompanha, nos conflitos <strong>de</strong> interesse e no egoísmo que emergem<br />

3 Locke é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o pai <strong>do</strong> individualismo liberal pela centralida<strong>de</strong> dada ao indivíduo. A respeito<br />

<strong>de</strong>ssa centralida<strong>de</strong>, Marx (1985, p. 104) vai tecer o seguinte comentário: “Só no século XVIII, na<br />

“socieda<strong>de</strong> burguesa”, as diversas formas <strong>do</strong> conjunto social passaram a apresentar-se ao indivíduo como<br />

simples meio <strong>de</strong> realizar seus fins priva<strong>do</strong>s, como necessida<strong>de</strong> exterior. Todavia, a época que produz este<br />

ponto <strong>de</strong> vista, o <strong>do</strong> indivíduo isola<strong>do</strong>, é precisamente aquela na qual as relações sociais (e, <strong>de</strong>ste ponto <strong>de</strong><br />

vista, gerais) alcançaram o mais alto grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento”.<br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!