A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental
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O ataque à Constituição explica-se. Para o ministro <strong>do</strong> MARE, a transição<br />
<strong>de</strong>mocrática <strong>de</strong> 1985 foi a transição <strong>de</strong> uma direita burocrática e autoritária <strong>do</strong>minada<br />
pelos militares para uma coalização populista, não menos arcaica, <strong>de</strong> empresários,<br />
burocratas da classe média e trabalha<strong>do</strong>res que ignorou que os aumentos salariais<br />
provocariam inflação, <strong>de</strong> que o déficit público era um problema cada vez mais grave,<br />
que o Esta<strong>do</strong> havia cresci<strong>do</strong> <strong>de</strong>mais, que as velhas estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
estavam exauridas e que o Esta<strong>do</strong> havia mergulha<strong>do</strong> numa profunda crise fiscal. Desse<br />
mo<strong>do</strong>, a Constituição teria sacramenta<strong>do</strong> os princípios <strong>de</strong> uma administração pública<br />
arcaica e burocrática ao extremo. Retrocesso que Bresser Pereira atribui aos<br />
constituintes e, mais amplamente, à socieda<strong>de</strong> brasileira pela falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
verem o novo e perceberem a forma burocrática pela qual o Esta<strong>do</strong> é administra<strong>do</strong>. Para<br />
superar a administração pública então vigente, ele apresenta um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
administração pública gerencial que visa substituir aquela. Trata-se da Nova<br />
Administração Pública que tem como contornos:<br />
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(1) <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista político, transferin<strong>do</strong> recursos e<br />
atribuições para os níveis políticos regionais e locais; (2) <strong>de</strong>scentralização<br />
administrativa, pela <strong>de</strong>legação <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> para os administra<strong>do</strong>res<br />
públicos transforma<strong>do</strong>s em gerentes crescentemente autônomos; (3)<br />
organizações com poucos níveis hierárquicos ao invés <strong>de</strong> piramidal, (4)<br />
organizações flexíveis ao invés <strong>de</strong> unitárias e monolíticas, nas quais as i<strong>de</strong>ias<br />
<strong>de</strong> multiplicida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> competição administrada e <strong>de</strong> conflitos tenham lugar<br />
(ibi<strong>de</strong>m, p. 272).<br />
Estas são as diretrizes para lidar com um Esta<strong>do</strong> que, por sua vez, possui quatro<br />
setores: o núcleo estratégico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, as ativida<strong>de</strong>s exclusivas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, os serviços<br />
não-exclusivos ou competitivos e a produção <strong>de</strong> bens e serviços para o merca<strong>do</strong>. Para<br />
completar, o autor menciona que no capitalismo contemporâneo, as formas <strong>de</strong><br />
proprieda<strong>de</strong> relevantes não são duas, mas três. Pois, além da proprieda<strong>de</strong> privada,<br />
voltada para a realização <strong>de</strong> lucro (empresas) ou <strong>de</strong> consumo priva<strong>do</strong> (famílias) e a<br />
proprieda<strong>de</strong> pública estatal, existe também a proprieda<strong>de</strong> pública não estatal,<br />
materializada na figura das “organizações sociais”. Caberia a este novo tipo <strong>de</strong><br />
proprieda<strong>de</strong> realizar os “serviços não exclusivos <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>” através <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong><br />
gestão.<br />
O fato <strong>de</strong> ser pública não-estatal, por sua vez, implicará a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<br />
ativida<strong>de</strong> ser controlada <strong>de</strong> forma mista pelo merca<strong>do</strong> e pelo Esta<strong>do</strong>. O