A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

colocá-la como elemento central das lutas sociais, ainda mais de lutas que se constroem
contra as expropriações. No plano estadual, por exemplo, temos: pesquisadores e
estudantes do campo cuja elaboração teórica e participação política contribuem para a
afirmação da educação ambiental como processo indutor de mudanças sociais; uma rede
estadual de educação ambiental que em determinados momentos articula e mobiliza os
sujeitos sociais do estado para a ação política; vários projetos de educação ambiental
sendo implementados em diferentes contextos e territórios e; professores e professoras
da rede pública e privada que vêm trazendo para o contexto escolar práticas
consideradas de educação ambiental. Porém, no que concerne a própria criação do
Programa Estadual, ainda que demandado pontualmente por alguns sujeitos sociais,
defendemos que ele se efetivou mais pela ocupação e fortalecimento de posições na
estrutura estatal por pessoas comprometidas com a educação ambiental enquanto
política pública do que por pressão social de educadores ambientais organizados
coletivamente. Fato confirmado na consulta pública, quando não foi possível identificar
um movimento social organizado de educadores ambientais a disputar o texto do
ProEEA. Tampouco pudemos perceber algum movimento social a reivindicar a
educação ambiental como pauta definidora de sua ação. A ação mais organizada
verificada durante a consulta pública veio a ocorrer no encontro da capital, quando um
grupo com um histórico de lutas em torno da saúde ambiental e da justiça ambiental
buscou inserir nesta política pública em construção questões e conceitos relevantes para
esses campos.
Esse debate sobre a organização social dos educadores ambientais ganha
importância no contexto da reorientação da economia nacional, como resposta para a
crise de 1998/99. O maior peso do setor de commodities na economia, a força do capital
financeiro, a dominar a produção, circulação, distribuição e consumo de mercadorias, e
a consolidação de outro bloco de poder mudam a magnitude da problemática ambiental
nos anos 2000. Uma vez turbinado, o agronegócio avança sobre os territórios de
populações camponesas e impõe o seu modus operandi de desenvolvimento rural. Sob a
coordenação do Estado e de agentes privados nele imbricados, grandes
empreendimentos acionam a locomotiva da extração e deterioração dos bens naturais, o
que coloca em cheque a possiblidade de reprodução material e cultural de povos
indígenas, ribeirinhos e outras comunidades tradicionais. A partir da eleição de Lula,
uma coligação de forças políticas e econômicas vai dar forma a um projeto
neodesenvolvimentista, institucionalizado pelo PAC no segundo mandato de seu
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