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A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

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necessariamente da ação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>” (COUTINHO, 2007, p. 228). Se por um la<strong>do</strong>, ele<br />

rompe com Adam Smith, “o qual afirma que a busca <strong>do</strong> interesse priva<strong>do</strong> levaria,<br />

através da ação espontânea <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, à geração <strong>do</strong> bem-estar comum” (ibi<strong>de</strong>m), por<br />

outro, “antecipa Marx ao revelar a natureza <strong>de</strong> classe <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, inclusive <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

funda<strong>do</strong> por (e com base em) um contrato <strong>de</strong> tipo liberal” (ibi<strong>de</strong>m, p. 229), ainda que,<br />

como salienta Coutinho, o autor <strong>do</strong> Contrato Social não trabalhe <strong>de</strong> forma rigorosa o<br />

conceito <strong>de</strong> classe social, mas sim com “ricos” e “pobres”.<br />

Como “o mais forte não é nunca forte o bastante para ser sempre o senhor, se<br />

não transforma sua força em direito e a obediência em <strong>de</strong>ver” (ROUSSEAU apud<br />

NASCIMENTO, 2006, p. 214), cabe estabelecer um contrato no qual, “cada um,<br />

unin<strong>do</strong>-se a to<strong>do</strong>s, não obe<strong>de</strong>ça, porém senão a si próprio e permaneça tão livre quanto<br />

antes” (ROUSSEAU apud VERGEZ; HUISMAN, 1976. p. 230). Rousseau percebe que<br />

“cada indivíduo po<strong>de</strong>, como homem, ter uma vonta<strong>de</strong> particular contrária ou<br />

<strong>de</strong>ssemelhante da vonta<strong>de</strong> geral que ele tem como cidadão” (ibi<strong>de</strong>m) e por isso propõe<br />

uma forma <strong>de</strong> associação que ao invés <strong>de</strong> conciliar os interesses priva<strong>do</strong>s, crie uma<br />

vonta<strong>de</strong> geral capaz <strong>de</strong> cuidar <strong>do</strong> bem comum, fundan<strong>do</strong> assim um Esta<strong>do</strong> social<br />

legítimo. Este <strong>de</strong>rivaria necessariamente <strong>do</strong> povo soberano, <strong>de</strong> homens que em condição<br />

<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> social elaboram suas leis. Sen<strong>do</strong> as leis criadas pelo povo, o homem que as<br />

obe<strong>de</strong>ce é um ser autônomo, ao contrário <strong>do</strong> corpo administrativo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que como<br />

funcionário <strong>do</strong> soberano é um órgão limita<strong>do</strong> e submeti<strong>do</strong> ao po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> povo<br />

(NASCIMENTO, 2006).<br />

2.2 O Esta<strong>do</strong> classista da tradição marxista<br />

Hegel não é um contratualista. Tampouco se insere na tradição marxista, até<br />

porque esta logicamente só se inicia com os trabalhos <strong>de</strong> Marx e Engels. Sua colocação<br />

nesse ponto se <strong>de</strong>ve a gran<strong>de</strong> contribuição <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> dialético <strong>de</strong> Hegel para essa<br />

tradição e também por Hegel servir Marx com o conceito <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> civil. Coutinho<br />

(1996) <strong>de</strong>monstra que a visão hegeliana da socieda<strong>de</strong> civil já expressa a acumulação da<br />

riqueza por uma classe da socieda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>trimento à classe ligada ao trabalho,<br />

antecipan<strong>do</strong> os conceitos <strong>de</strong> empobrecimento e alienação da classe trabalha<strong>do</strong>ra no<br />

capitalismo, que Marx iria <strong>de</strong>senvolver em sua obra. Portanto, embora não fosse um<br />

hegeliano, Marx bebeu <strong>de</strong>ssa fonte, tiran<strong>do</strong> <strong>de</strong>la o que havia <strong>de</strong> melhor.<br />

Ellen Wood afirma que para os pensa<strong>do</strong>res ingleses <strong>do</strong>s séculos XVI e XVII,<br />

socieda<strong>de</strong> civil costumava ser sinônimo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> política ou o Esta<strong>do</strong> visto como a<br />

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