A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental
A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental
A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
além da baixa capacida<strong>de</strong> técnica e política que os municípios, em geral, dispõem, a<br />
precarização <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> lhe estarem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s problemas cuja resolução <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> ações num nível supra-municipal. Embora possamos resgatar essa estratégia como<br />
nortea<strong>do</strong>ra da reforma administrativa instituída pelo Decreto-lei nº. 200/1967 durante a<br />
ditadura, é no processo <strong>de</strong> “re<strong>de</strong>mocratização” nos anos 1980 – sob o discurso <strong>do</strong><br />
“Esta<strong>do</strong> autoritário que centralizou” - que a <strong>de</strong>scentralização passará a ser reivindicada<br />
por sujeitos sociais da esquerda e direita, sen<strong>do</strong> posteriormente elemento orienta<strong>do</strong>r da<br />
“Nova Administração Pública” proposta por Bresser Pereira (1996) e estratégia<br />
neoliberal amplamente difundida na América Latina (SOARES, 2009).<br />
É difícil encontrar uma política pública que não tenha essa palavrinha mágica<br />
em seu escopo, tamanho o consenso estabeleci<strong>do</strong>. No Texto-Base ela apareceu nada<br />
menos <strong>do</strong> que quatro vezes. Além <strong>de</strong> constar nessa diretriz e em duas Linhas <strong>de</strong> Atuação<br />
e Estratégias – na 8.1. Gestão e planejamento da <strong>Educação</strong> <strong>Ambiental</strong> no Esta<strong>do</strong> e na<br />
8.6. Gestão da Comunicação Socioambiental – a <strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong>sponta na<br />
Justificativa <strong>do</strong> ProEEA. E como essa parte <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento não estava sujeita a<br />
alteração, já constava como da<strong>do</strong> que o processo <strong>de</strong> criação <strong>do</strong> ProEEA visava<br />
“possibilitar a <strong>de</strong>scentralização e o compartilhamento <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s entre os<br />
entes fe<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s”.<br />
Em relação à diretriz “Justiça social e ambiental”, a única proposta <strong>de</strong> mudança<br />
<strong>de</strong> texto <strong>de</strong>ssa Diretriz foi feita na Região Metropolitana – região com menor<br />
porcentagem <strong>de</strong> pessoas que se aproximaram da educação via escola (gráfico 21) e<br />
maior porcentagem daquelas que a trabalham no âmbito da universida<strong>de</strong> (gráfico 27) -,<br />
fican<strong>do</strong>: “Justiça social e justiça ambiental”. A inclusão da palavra “justiça” pela<br />
segunda vez explicitou a <strong>de</strong>manda por reconhecimento <strong>de</strong> um novo campo <strong>de</strong> atuação<br />
social realizada por um grupo <strong>de</strong> participantes que se organizaram para participar da<br />
consulta pública, alguns <strong>de</strong>les representantes da Re<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Justiça <strong>Ambiental</strong>,<br />
conforme registra<strong>do</strong> nas Fichas entregues nesse encontro.<br />
Acselrad e outros (2009) discutem essa questão pelo prisma <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>gradação<br />
ambiental não é “<strong>de</strong>mocrática”, pois atinge distintamente, em intensida<strong>de</strong> e incidência,<br />
os diferentes grupos e classes sociais. E os <strong>de</strong>sastres socioambientais ocorri<strong>do</strong>s nos<br />
últimos anos no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro servem para comprovação <strong>de</strong>ssa tese. Só em<br />
2010, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Secretaria Nacional <strong>de</strong> Defesa Civil, das 473 mortes causadas<br />
por enxurradas, 316 mortes ocorreram em solo fluminense e entre estas, 168 se <strong>de</strong>veram<br />
ao <strong>de</strong>slizamento no Morro <strong>do</strong> Bumba. O caso <strong>do</strong> Morro <strong>do</strong> Bumba é exemplar, pois se<br />
80