A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

associação será feita a partir do uso da categoria “exclusão social”. O autor questiona se
existem pessoas não inseridas na sociedade capitalista, se o pleno emprego e a
erradicação da pobreza são possibilidades reais nessa sociedade, ressaltando que “a
categoria exclusão é bastante contestável para apreender a dinâmica social no
capitalismo” (KAPLAN, 2011, p. 176). Ele afirma que a sociedade civil é apresentada
“de forma harmonicamente idealizada”, ocultando-se contradições e conflitos. Não
havendo a explicitação de contradições fundamentais da sociedade capitalista e sua
estruturação em classes, é inserido “o discurso de respeito e valorização da diversidade
e das identidades, em suas acepções pós-modernas, que colocam no mesmo patamar a
classe, a raça, o gênero, a nacionalidade, a naturalidade e a espécie” (ibidem, p. 181).
As seções seguintes do ProNEA (Diretrizes, Princípios, Missão, Objetivos,
Públicos e Linhas de ação) não são analisadas nesse ponto, mas como parte do seu
conteúdo é reproduzido no texto do ProEEA, teremos mais a frente a discussão de
algumas de suas ideias principais.
Por ora, nos deteremos a algumas reflexões que os autores vêm levantando a
respeito das inúmeras educações ambientais que foram se constituindo nas últimas
quatro décadas, pois se a educação ambiental é tida no senso comum como os processos
existentes de conscientização ecológica e sensibilização ambiental necessários para a
reversão do quadro de destruição crescente da natureza e do Planeta Terra como um
todo, esse modo simplista de conceber a educação ambiental, conquanto seja
emblemático por trazer a tona a visão dominante sobre essa prática social, mascaram a
diversidade de processos que vêm sendo construídos dentro do campo da educação
ambiental. Portanto, sem ignorar o senso comum – até porque ele se respalda em uma
série de práticas sociais, oferecendo-nos pistas sobre o porquê da educação ambiental
ser hoje aceita e reivindicada por setores progressistas e conservadores, por empresários
de alto poder, mas também por educadores populares -, quando adentramos no campo
nos deparamos com uma série de disputas que revelam a não conformidade de uma
multiplicidade de sujeitos sociais a certos fazeres educativos que vêm hegemonizando a
educação ambiental no país.
A obra Identidades da Educação Ambiental Brasileira (2004) organizada por
Philippe Layrargues e publicada pelo MMA simboliza bem as distinções existentes
dentro do campo, sem, contudo, esgotá-las. Somente no sumário são designadas as
seguintes vertentes (que são explicadas na obra): Educação Ambiental Crítica;
Ecopedagogia; Educação Ambiental Transformadora; Educação no processo de gestão
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