A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental
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coisa pública, representan<strong>do</strong> a subordinação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> à comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proprietários<br />
que constituía a nação política.<br />
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Mas se o significa<strong>do</strong> inglês ten<strong>de</strong>u a confundir a distinção entre Esta<strong>do</strong> e<br />
socieda<strong>de</strong> civil, foram justamente as condições inglesas – o mesmo sistema<br />
<strong>de</strong> relações <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> apropriação capitalista, mas agora mais<br />
avança<strong>do</strong> e <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um mecanismo <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> mais bem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> –<br />
que tornaram possível a mo<strong>de</strong>rna oposição conceitual entre os <strong>do</strong>is (WOOD,<br />
2003, p. 207).<br />
Para a referida autora, Hegel vai se apoiar na economia capitalista da Inglaterra<br />
– por meio <strong>de</strong> economistas políticos ingleses como Smith e Stuart – para construir sua<br />
dicotomia conceitual entre Esta<strong>do</strong> e “socieda<strong>de</strong> civil”, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> esta como uma<br />
forma social historicamente específica: a socieda<strong>de</strong> burguesa. Embora na língua alemã,<br />
bürgeliche Gesellschaft sirva para <strong>de</strong>signar ambas (socieda<strong>de</strong> civil e socieda<strong>de</strong><br />
burguesa), para Hegel a “economia” mo<strong>de</strong>rna era a condição essencial <strong>de</strong>ssa “socieda<strong>de</strong><br />
civil”. O Esta<strong>do</strong>, por sua vez, irá ser o momento superior da universalida<strong>de</strong>, que só po<strong>de</strong><br />
ser atingi<strong>do</strong> através <strong>de</strong> uma esfera inteiramente nova <strong>de</strong> existência social. Em Hegel, a<br />
socieda<strong>de</strong> civil é um momento intermediário entre a família e o Esta<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong><br />
constituída pelo conjunto <strong>de</strong> homens priva<strong>do</strong>s que se separam da família, seu grupo<br />
natural, mas que ainda não conformam uma unida<strong>de</strong> social substancial, o Esta<strong>do</strong><br />
enquanto eticida<strong>de</strong>. Portanto, enquanto não alcança<strong>do</strong> este momento superior da vida<br />
social, o Esta<strong>do</strong> figuraria apenas como potencialida<strong>de</strong> (HIPPOLITE, 1971 apud<br />
FONTES, 2010).<br />
Coutinho afirma que o filósofo alemão compreendia que, em oposição ao mun<strong>do</strong><br />
grego on<strong>de</strong> o i<strong>de</strong>al comunitário prevalecia, na época mo<strong>de</strong>rna havia se constituí<strong>do</strong> a<br />
socieda<strong>de</strong> civil que se caracterizava pela particularida<strong>de</strong>. Entretanto, “embora cada um<br />
busque nela o seu interesse puramente priva<strong>do</strong>, a divisão <strong>do</strong> trabalho que assim a<br />
estabelece cria um “sistema”, com o que a satisfação <strong>do</strong>s carecimentos <strong>de</strong> cada<br />
indivíduo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> outro” (COUTINHO, 2007, p. 239). Os diferentes<br />
ramos da produção <strong>de</strong>senvolvem interesses particulares próprios, dan<strong>do</strong> origem às<br />
corporações - sujeitos coletivos que objetivam <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o interesse comum <strong>de</strong> seus<br />
integrantes. De tal forma que na corporação penetra a eticida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong> civil,<br />
estabelecen<strong>do</strong>-se mediações entre a vonta<strong>de</strong> singular e a vonta<strong>de</strong> universal que se<br />
realiza no Esta<strong>do</strong>. Contrarian<strong>do</strong> Rousseau, Hegel percebe a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s interesses