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A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

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planejamento econômico estatal e proteção social <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, estruturan<strong>do</strong>-se o<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Bem-estar (welfare state) nos países-núcleo <strong>do</strong> capitalismo. Até a década <strong>de</strong><br />

1970 esses países assistem a um boom <strong>de</strong> altos lucros <strong>do</strong>s patrões e o aumento <strong>do</strong><br />

salário <strong>do</strong>s emprega<strong>do</strong>s, razão pela qual esse perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s trinta anos <strong>do</strong> pós-guerra é<br />

<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> por Hobsbown como a “Era <strong>de</strong> Ouro” <strong>do</strong> capitalismo. O autor argumenta<br />

que o ‘Gran<strong>de</strong> Salto’ só foi possível porque paralelamente à “reforma <strong>do</strong> capitalismo”,<br />

acontecia um avanço sem prece<strong>de</strong>ntes na globalização e internacionalização da<br />

economia que “multiplicou a capacida<strong>de</strong> produtiva da economia mundial, tornan<strong>do</strong><br />

possível uma divisão internacional muito mais elaborada e sofisticada” (HOBSBAWN,<br />

1995, p. 264). A circulação <strong>de</strong> capitais através da intensa ativida<strong>de</strong> das multinacionais,<br />

sobretu<strong>do</strong> a partir da década <strong>de</strong> 1960, começava a <strong>de</strong>linear uma economia na qual os<br />

territórios e fronteiras <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>s não constituiriam mais o esquema operatório básico 9 .<br />

Segun<strong>do</strong> Fontes, concomitantemente à <strong>do</strong>minação interna <strong>do</strong> capital nos países centrais,<br />

a expansão capitalista no perío<strong>do</strong> vai se complementar pela sua expansão externa<br />

através <strong>de</strong> “expropriações <strong>de</strong> populações inteiras das suas condições <strong>de</strong> produção (terra),<br />

<strong>de</strong> direitos e <strong>de</strong> suas próprias condições <strong>de</strong> existência ambiental e biológica” (FONTES,<br />

2010, p. 149).<br />

Algumas economias periféricas, como o Brasil, experimentam a combinação <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>nsamento urbano – fruto em parte <strong>do</strong> impedimento da reforma agrária pelas frações<br />

burguesas <strong>do</strong>minantes – e intensa industrialização, que sem o acompanhamento <strong>de</strong><br />

políticas públicas correspon<strong>de</strong>ntes resultam em precárias condições <strong>de</strong> vida e trabalho.<br />

Contra a alternativa socialista que aparecia neste momento como uma estratégia<br />

possível <strong>de</strong> recuperação <strong>do</strong> atraso econômico e <strong>de</strong> diminuição das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais,<br />

o “<strong>de</strong>senvolvimentismo” <strong>de</strong>sponta como a gran<strong>de</strong> ban<strong>de</strong>ira oci<strong>de</strong>ntal (FIORI, 1997).<br />

Veremos nos anos <strong>de</strong> 1960 atos <strong>de</strong> rebeldia que começam a <strong>de</strong>smanchar o espírito <strong>de</strong><br />

colaboração <strong>de</strong> classes forjada pela Gran<strong>de</strong> Depressão e pela Guerra. Greves sindicais e<br />

protestos estudantis se entrelaçavam <strong>de</strong> maneira diversa com novos movimentos sociais<br />

que iam <strong>do</strong> feminismo ao pacifismo, passan<strong>do</strong> pelo movimento ecológico e a<br />

contracultura nos EUA e Europa oci<strong>de</strong>ntal, que extrapolam, porém, estes espaços e<br />

atingem regiões <strong>do</strong> campo comunista e <strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong><br />

9 Para o ilustre historia<strong>do</strong>r, “no caso extremo, passa a existir uma “economia mundial” que na verda<strong>de</strong><br />

não tem base ou fronteiras <strong>de</strong>termináveis, e que estabelece, ou antes impõe, limites ao que mesmo as<br />

economias <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>s muito gran<strong>de</strong>s e po<strong>de</strong>rosos po<strong>de</strong>m fazer” (ibi<strong>de</strong>m, p. 272). Opon<strong>do</strong>-se a essa visão<br />

Wood (2006, p. 392) afirma: “Não é verda<strong>de</strong> que o esta<strong>do</strong> territorial que conhecemos se encontre em<br />

<strong>de</strong>clínio frente à economia global. Pelo contrário, acredito que o capital <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> mais que nunca <strong>de</strong> um<br />

sistema <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>s locais que administrem o capitalismo global”.<br />

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