A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

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crítica, sem, contudo, problematizar o processo sociometabólico do capital e as expropriações por ele engendradas. Esse acaba por ser o divisor de águas entre as clivagens da educação ambiental crítica. O quanto essas vertentes dialogam ou não com os movimentos sociais que protagonizam lutas contra as expropriações? Enquanto há proposições críticas e grupos de educadores ambientais que vão buscar interpretar o padrão de acumulação, determinante principal das desigualdades sociais e injustiças ambientais, com vistas à transformação radical das relações sociais estabelecidas, outras práticas, também auto referidas como de educação ambiental crítica, vão reforçar modos de ser, pensar e sentir a vida que tornam natural e necessária a sociabilidade burguesa. Desvelar os nexos entre a problemática ambiental e o sociometabolismo do capital é o desafio que está colocado para os educadores filiados à tradição crítica nesse momento de crescimento da conscientização social em torno da temática ambiental e de institucionalização de políticas públicas na área. Como esperado, os setores dominantes buscam politizar de maneira rasa esse debate, pois o objetivo não é outro senão reforçar a superestrutura legal e a segurança jurídica para as expropriações almejadas, impedindo a universalização dos direitos e a socialização dos bens e espaços públicos. A correlação de forças determinará se o Estado irá restringir ou flexibilizar as formas de apropriação e uso privado da natureza e do que é socialmente produzido. De modo que as disputas que acontecem no plano político-ideológico, que acabam por definir que papel regulador desempenhará o Estado no conflito ambiental, não estão descoladas das disputas pela base material da humanidade. O complexo portuário-industrial que está sendo erguido no entorno da Baía de Sepetiba, que tem a TKCSA como um de seus empreendimentos principais, simboliza bem para que lado a balança vem pendendo no Estado do Rio de Janeiro. Como o Estado é o principal parceiro, quando não o próprio financiador, dos empreendimentos em construção e operação, ele se torna permissível às sucessivas expropriações realizadas originadas pela supressão de áreas de mangue e de pesca, apropriação privada dos corpos hídricos e terras da região, poluição das águas e do ar e contaminação dos solos. Impede-se qualquer forma de uso socializante da zona costeira pelas comunidades de pescadores e agrícolas que lá se constituíram e as práticas educativas e o debate político, ao invés de apontarem para a ruptura das relações de exploração verificadas, tendem a legitimar as expropriações, acabando por serem expropriadas não apenas as condições objetivas de sobrevivência social desses grupos, mas também os direitos e as sociabilidades historicamente construídas. E uma vez que diferentemente dos setores 60
dominantes, as classes subalternas não estão suficientemente organizadas para dar a direção intelectual, política e moral ao campo ambiental, predomina neste um sentido público-particularista sobre um público-universalizante. 61
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