A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

30% dessas pessoas 178 pessoas graduadas em Ciências Biológicas poderia ter
favorecido a demanda por uma perspectiva mais conservacionista para o ProEEA. Justa
ou injustamente, os biólogos costumam ser acusados de pensarem a sociedade a partir
de concepções biocêntricas - que na educação ambiental costuma se traduzir em práticas
esvaziadas de sentido político, favorecendo suas vertentes conservacionistas ou
naturalistas. Na gestão ambiental, tais concepções podem desencadear estratégias
preservacionistas caracterizadas pelo apartamento entre o homem e os “espaços
naturais”. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC - Lei nº
9985/2000, ao estabelecer um rol de categorias de unidades de conservação agrupadas
como “Unidades de Proteção Integral” onde é proibido qualquer tipo de uso direto do
meio ambiente, se tornou um exemplo prático de como a estratégia preservacionista se
incorporou na legislação ambiental brasileira. As outras unidades foram agrupadas
como Unidades de Uso Sustentável, cujo objetivo “é compatibilizar a conservação da
natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais” (Art. 7 o , § 2 o ). A
lei do SNUC refletiu o embate dentro do ambientalismo sobre as formas de conservação
da natureza, que também foi verificado na consulta pública do ProEEA. É preciso que
se diga que ambas as estratégias – preservacionista ou conservacionista – são
compatíveis com as práticas de educação ambiental. No SNUC, mesmo nas áreas
voltadas à proteção integral – que no texto legal significa “manutenção dos
ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o
uso indireto dos seus atributos naturais” (Art. 2º, Inciso VI da Lei 9985) - é permitida a
visitação pública com objetivos educacionais. A pergunta é se nesses espaços prevalece
uma educação ambiental que problematiza as práticas sociais na natureza ou aquela
outra voltada para a sensibilização do “humano” perante o “meio natural”, conforme
discutido no Capítulo 3. Embora esse embate tenha aparecido em certo grau em todos os
Encontros Regionais, em dois lugares essa disputa ficou mais nítida, pois foi
materializada por propostas de alteração do texto. Na Metropolitana, na Diretriz
“Respeito a todas as formas de vida”, foi sugerido à inclusão de três termos antes de “a
todas as formas de vida”: cuidado, valorização e preservação. Tanto o termo
valorização, como preservação não foram aceitos pela plenária. Na Serrana foi sugerida
a inserção de uma nova Linha no item 8.1.1 que tratava do “Planejamento da Educação
Ambiental com base na Gestão Ambiental Pública”. A primeira proposição foi
“Incentivo a ações de preservação da biodiversidade nas bacias hidrográficas, visando a
preservação ambiental e a manutenção do aporte hídrico”. A maioria dos participantes
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