A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental
A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental
A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
abordagens - a questão da inserção humana na natureza como uma problemática vital e<br />
<strong>de</strong>terminante na <strong>construção</strong> <strong>de</strong> outros estilos <strong>de</strong> vida, culturas e mo<strong>de</strong>los societários.<br />
Contu<strong>do</strong>, o autor procura <strong>de</strong>monstrar que importantes filósofos como Heráclito,<br />
Epicuro, Zenão <strong>de</strong> Eléia, Pitágoras e Demócrito e <strong>de</strong>stacadamente Sócrates, Platão e<br />
Aristóteles - cujo pensamento serviu <strong>de</strong> base para as concepções oci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> -<br />
trabalharam o conceito <strong>de</strong> natureza.<br />
43<br />
A natureza, como categoria conceitual presente na ação humana, permeia no<br />
oci<strong>de</strong>nte as discussões filosóficas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os pré-socráticos, ou seja, há 27<br />
séculos! Muito antes <strong>de</strong> se falar na distinção entre filosofia e ciências [...] o<br />
foco central era exatamente o que ficou <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> como filosofia da natureza<br />
e questões como: criação da vida e <strong>do</strong> universo; senti<strong>do</strong> da criação; existência<br />
humana e seu significa<strong>do</strong>; atributos da natureza [etc] (LOUREIRO, 2006, p.<br />
118).<br />
Para Pádua (2002 apud Loureiro, 2006) as preocupações com a natureza a partir<br />
<strong>do</strong> século XVI possuíam um viés conservacionista, preservacionista ou romântico e<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX, seria sob um prisma positivista e <strong>de</strong>senvolvimentista que as<br />
abordagens sobre a natureza far-se-iam. Esse resgate é importante, pois há uma visão<br />
muito difundida que coloca que a educação ambiental no Brasil era em sua origem<br />
conservacionista na forma <strong>de</strong> conceber a relação natureza-socieda<strong>de</strong> e atualmente ela<br />
estaria se realizan<strong>do</strong> eminentemente por um prisma crítico. Associada às práticas<br />
políticas <strong>de</strong> agentes ambientalistas, vai se constituin<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s anos <strong>de</strong> 1960 uma<br />
educação ambiental que, embora influenciada por uma <strong>Educação</strong> Conservacionista -<br />
resulta<strong>do</strong> da ação <strong>de</strong> organizações e intelectuais na preservação <strong>de</strong> áreas protegidas -,<br />
transcen<strong>de</strong>rá esta com a complexificação <strong>do</strong> campo advinda <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates e embates<br />
ocorri<strong>do</strong>s entre as ciências humanas e naturais e das inúmeras tradições que estão<br />
conforman<strong>do</strong> o incipiente movimento ambientalista no país (LOUREIRO, 2004).<br />
Portanto, afastan<strong>do</strong> a hipótese <strong>de</strong> que a educação ambiental se restringia ao campo das<br />
ciências naturais, a tradição conservacionista que se apóia nas teorias produzidas nesse<br />
campo científico vai influenciar e ocupar uma posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque nas concepções<br />
<strong>do</strong>minantes <strong>de</strong> educação ambiental da época – posição que se esten<strong>de</strong> aos dias atuais.<br />
No Brasil, o Golpe <strong>de</strong> 64 vai contribuir para o avanço <strong>de</strong> uma produção científica <strong>de</strong><br />
natureza tecnicista e utilitarista, favorecen<strong>do</strong> à constituição <strong>de</strong> práticas educativas – não<br />
apenas no campo da educação ambiental - e sociais com tais perspectivas. No mun<strong>do</strong>,<br />
vivemos um perío<strong>do</strong>, que segun<strong>do</strong> Santos (2000, p. 64),