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A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

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controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, entretanto, será necessariamente antecedi<strong>do</strong> e<br />

complementa<strong>do</strong> pelo controle social direto, <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s conselhos<br />

<strong>de</strong> administração constituí<strong>do</strong>s pela socieda<strong>de</strong> (ibi<strong>de</strong>m, p. 286).<br />

Para concretizar essa estratégia, o Governo Car<strong>do</strong>so lança então o “<strong>Programa</strong> <strong>de</strong><br />

Publicização”. Aprovam-se as leis Nº 9.637/98 e 9.790/99 que instituem e disciplinam,<br />

respectivamente, o Contrato <strong>de</strong> Gestão e o Termo <strong>de</strong> Parceria, possibilitan<strong>do</strong> a<br />

qualificação <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s como Organizações Sociais (OS) e Organizações da<br />

Socieda<strong>de</strong> Civil <strong>de</strong> Interesse Público (OSCIP). Além da criação <strong>de</strong>ssas leis, uma série<br />

<strong>de</strong> emendas constitucionais consolida algumas das principais propostas <strong>de</strong>lineadas pelo<br />

MARE. Estabelece-se, assim, um novo arcabouço jurídico que, por um la<strong>do</strong>, ataca os<br />

direitos trabalhistas e, por outro, consolida o sistema <strong>de</strong> parceria ou <strong>de</strong> “co-gestão” entre<br />

o Esta<strong>do</strong> as organizações da socieda<strong>de</strong> civil – mesmo aquelas a<strong>de</strong>ptas <strong>do</strong> antiestatismo.<br />

Verifica-se a absorção por entida<strong>de</strong>s privadas <strong>de</strong> serviços públicos antes manti<strong>do</strong>s e<br />

executa<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>, o que contribui para a <strong>de</strong>sestruturação das políticas sociais e<br />

amplia a força <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> na regulação da vida social.<br />

Sem uma pauta reivindicativa classista e alternan<strong>do</strong> a estratégia <strong>do</strong> confronto<br />

para a da colaboração, as novas formas associativas passam a objetivar – em nome <strong>do</strong><br />

“interesse público” – a harmonia e a coesão social, se valen<strong>do</strong> para isso <strong>de</strong> um sistema<br />

i<strong>de</strong>ológico que concilia empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>rismo e cidadania. Movimentos sociais e<br />

Organizações Não-Governamentais (ONGs) vão aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong>, assim, a luta política e<br />

i<strong>de</strong>ológica e concentran<strong>do</strong>-se na disputa por financiamento <strong>de</strong> seus projetos particulares.<br />

Desponta uma “(nova) socieda<strong>de</strong> civil ativa” (FALLEIROS et al, 2010) que sob o<br />

pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> fundações e associações empresarias sem fins lucrativos, a “virtu<strong>de</strong>” <strong>de</strong><br />

serem não governamentais – o que reativa a <strong>de</strong>finição clássica liberal – e o signo da<br />

responsabilida<strong>de</strong> social, converte-se em executora <strong>de</strong> políticas públicas, consolidan<strong>do</strong>-se<br />

a transferência ao merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> serviços antes exclusivamente presta<strong>do</strong>s pelo Esta<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> os referi<strong>do</strong>s autores, nas décadas <strong>de</strong> 1990 e 2000 a hegemonia capitalista irá se<br />

recompor através da imposição como “verda<strong>de</strong> histórica” <strong>do</strong> fim das disputas entre<br />

capital e trabalho e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conciliação <strong>do</strong>s interesses das classes em prol <strong>do</strong><br />

combate à pobreza e da preservação <strong>do</strong> meio ambiente.<br />

Nesse processo <strong>de</strong> “repolitização da política” teremos uma transmutação 11 <strong>do</strong><br />

Parti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res (PT) ainda na década <strong>de</strong> 1990 que Coelho (2005 apud<br />

11 Carlos Nelson Coutinho trabalha com o conceito <strong>de</strong> “transformismo” para explicar as mudanças<br />

ocorridas no PT. Em entrevista publicada no Jornal da UFRJ, o professor da Escola <strong>de</strong> Serviço Social<br />

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