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A construção do Programa Estadual de Educação Ambiental

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um ponto <strong>de</strong> virada <strong>do</strong>s setores <strong>do</strong>minantes em relação à questão ambiental, com direito<br />

à entrada em cena <strong>do</strong> Banco Mundial que toma a dianteira <strong>do</strong> processo, fican<strong>do</strong> sob seu<br />

<strong>do</strong>mínio o recém cria<strong>do</strong> GEF (Global Environment Fund, algo como Fun<strong>do</strong> <strong>Ambiental</strong><br />

Mundial, em português) 14 .<br />

Genericamente entendi<strong>do</strong> como “aquele que aten<strong>de</strong> às necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> presente<br />

sem comprometer a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as gerações futuras aten<strong>de</strong>rem a suas próprias<br />

necessida<strong>de</strong>s” (CMMAD, 1991, p. 46), o termo <strong>de</strong>senvolvimento sustentável se<br />

populariza a partir <strong>de</strong> então. Passa a fazer parte <strong>do</strong> vocabulário <strong>do</strong>s organismos<br />

internacionais 15 , se torna ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> parti<strong>do</strong>s, movimentos e ONGs que têm referência<br />

no ambientalismo, como também é rapidamente apropria<strong>do</strong> por segmentos empresariais<br />

e setores governamentais que, surfan<strong>do</strong> na maré <strong>de</strong> popularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste vago conceito e<br />

na crescente preocupação ecológica <strong>de</strong> frações da socieda<strong>de</strong>, reivindicam o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável não para repensarem estruturalmente suas práticas, mas<br />

para pintar <strong>de</strong> ver<strong>de</strong> o sistema sócio-econômico que são beneficiários 16 .<br />

Segun<strong>do</strong> Quintas, setores <strong>do</strong>minantes da economia e governos nacionais<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que a crise ambiental diagnosticada po<strong>de</strong> ser resolvida tornan<strong>do</strong> sustentável o<br />

atual padrão <strong>de</strong> produção e consumo. “Pra isto, bastaria a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> tecnologias e<br />

práticas ambientalmente saudáveis (...) para se atingir a ecoeficiência e produtivida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s recursos (QUINTAS, 2009, p. 38, grifos <strong>do</strong> autor). Isto caracteriza o que Sachs<br />

(2002, apud QUINTAS, 2009) <strong>de</strong>nomina otimismo epistemológico – crença <strong>de</strong> que a<br />

continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong> progresso material da humanida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> sempre ser sustenta<strong>do</strong> por<br />

soluções técnicas – e que segun<strong>do</strong> este autor já era popular entre políticos <strong>de</strong> direita e <strong>de</strong><br />

esquerda nos preparativos da Conferência <strong>de</strong> Estocolmo no início da década <strong>de</strong> 1970.<br />

Perío<strong>do</strong> esse em que o <strong>de</strong>senvolvimentismo prepon<strong>de</strong>rava. O que Quintas conclui é que<br />

o surgimento da proposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável vai ser o produto final <strong>de</strong> um<br />

14 Até a Rio-92, a ONU, através <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> das Nações Unidas para o Meio Ambiente, exercia o papel<br />

<strong>de</strong> organismo internacional responsável por gerenciar os fun<strong>do</strong>s relativos ao tema. Na Conferência é<br />

cria<strong>do</strong> no âmbito <strong>do</strong> Banco Mundial o GEF, que passa a ser a principal fonte <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> projetos<br />

ambientais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

15 Como exemplo <strong>de</strong> que o termo ainda não saiu <strong>de</strong> moda, sob a coor<strong>de</strong>nação da Unesco, os anos <strong>de</strong> 2005-<br />

2014 foram <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s pelas Nações Unidas, através <strong>de</strong> iniciativa instituída por resolução <strong>de</strong> sua<br />

Assembleia Geral, a Década da <strong>Educação</strong> para o Desenvolvimento Sustentável.<br />

16 Des<strong>de</strong> a Rio-92, o esver<strong>de</strong>amento <strong>do</strong> capitalismo vem se processan<strong>do</strong> a passos largos, ten<strong>do</strong> como vetor<br />

propositivo a “economia ver<strong>de</strong>”. A economia ver<strong>de</strong>, enquanto estratégia para uma reconfiguração<br />

assistida <strong>do</strong> capitalismo, como mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> superar sua crise e ampliar a base <strong>de</strong> exploração e privatização da<br />

natureza, entrou efetivamente na agenda mundial. Prova disso é sua escolha como eixo principal <strong>de</strong><br />

discussão na Rio+20.<br />

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