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O Primo Basílio - Unama

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www.nead.unama.br<br />

— Na bola?<br />

— Sim, quero dizer, mais aquela, mais...<br />

— Mais apegada à senhora?<br />

— Mais apegada.<br />

— Sempre o estive. Mas então! Às vezes a gente tem os seus repentes...<br />

Que olhe, Sra Joana, não se acha melhor que aqui. Senhora de muito bom gênio,<br />

nada se esquisitices, nenhumas prisões... Ai, é dar louvores ao céu de estarmos<br />

neste descanso.<br />

— E é!<br />

A casa com efeito tinha um aspecto jovial de felicidade tranqüila: Luísa saía<br />

todos os dias e achava tudo bom; nunca se impacientava; a sua antipatia por Juliana<br />

parecia dissipada; considerava-a uma pobre de Cristo! Juliana tomava os seus<br />

caldinhos, dava os seus passeios, ruminava. Joana, muito livre, muito só em casa,<br />

regalava-se com o carpinteiro. Não vinham visitas. D. Felicidade, na Encarnação,<br />

inundava-se de arnica. Sebastião fora para a Almada vigiar as obras. O Conselheiro<br />

partira para Sintra, "dar umas férias ao espírito", tinha ele dito a Luísa, e deliciar-se<br />

nas maravilhas daquele Éden. O Sr. Julião, "o doutor", como dizia a Joana,<br />

trabalhava a sua tese. As horas eram muito regulares; havia sempre um silêncio<br />

pacato. Juliana, um dia, na cozinha, impressionada por aquele recolhimento<br />

satisfeito de toda a casa, exclamou para Joana:<br />

CAPÍTULO VII<br />

— Não se pode estar melhor! A barca vai num mar de rosas!<br />

E acrescentou, com uma risadinha:<br />

— E eu ao leme!<br />

Por esse tempo, uma manhã que Luísa ia para o Paraíso viu de repente sair<br />

de um portal, um pouco adiante do Largo de Santa Bárbara, a figura azafamada de<br />

Ernestinho.<br />

— Por aqui, prima Luísa! — exclamou ele logo muito surpreendido. — Por<br />

estes bairros! Que faz por aqui? Grande milagre!<br />

Vinha vermelho; trazia as bandas do casaco de alpaca todas deitadas para<br />

trás, e agitava com excitação um rolo grosso de papéis.<br />

Luísa ficou um pouco embaraçada; disse que viera fazer uma visita a uma<br />

amiga. — Oh! Ele não conhecia; tinha chegado do Porto...<br />

— Ah, bem! Bem! E que é feito, como tem passado? Quando vem o Jorge?<br />

— Desculpou-se logo de a não ter ido ver; mas é que não tinha uma migalha livre!<br />

De manhã a alfândega; à noite os ensaios...<br />

— Então sempre vai? — perguntou Luísa.<br />

— Vai.<br />

E entusiasmado:<br />

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