desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
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Os po<strong>de</strong>res públicos não tinham campo on<strong>de</strong> recrutar pessoal<br />
experimentado. Os professores saíram dos quadros do ensino primário, não<br />
trazendo, por essa razão, nenh<strong>uma</strong> idéia do que necessitariam lecio<strong>na</strong>r no<br />
ensino profissio<strong>na</strong>l. Os mestres viriam <strong>das</strong> fábricas ou ofici<strong>na</strong>s e seriam<br />
homens sem a necessária base teórica, com capacida<strong>de</strong>, ape<strong>na</strong>s, <strong>de</strong><br />
transmitir a seus discípulos os conhecimentos empíricos que traziam<br />
(MAGELA NETO, 2002, p. 182).<br />
Apesar disso, Fonseca (1986, v. 3) reconhece o período como <strong>uma</strong> nova era<br />
<strong>na</strong> aprendizagem <strong>de</strong> ofícios no país. O autor nos apresenta um longo período <strong>de</strong><br />
análise nos cinco volumes <strong>de</strong> seu História do Ensino Industrial e em vários<br />
momentos ele aponta que “o maior entrave que o ensino industrial tem tido, através<br />
<strong>de</strong> toda a sua história, é sem dúvida, a falta <strong>de</strong> professorado”. E acrescenta:<br />
Des<strong>de</strong> os tempos do <strong>de</strong>scobrimento, quando os jesuítas ensi<strong>na</strong>vam aos<br />
silvícolas rudimentos <strong>de</strong> ofícios, até aos nossos dias, ainda o problema se<br />
apresenta em toda a sua plenitu<strong>de</strong>. [...] Nos primeiros tempos os<br />
professores teóricos não po<strong>de</strong>riam sair senão dos quadros do ensino<br />
primário, não tendo por essa razão nenh<strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ia do que necessitavam<br />
lecio<strong>na</strong>r no ensino profissio<strong>na</strong>l. E quanto aos que <strong>de</strong>viam ensi<strong>na</strong>r a parte<br />
prática, não havendo outras fontes on<strong>de</strong> ir buscá-los, seriam recrutados <strong>na</strong>s<br />
fábricas ou ofici<strong>na</strong>s, <strong>de</strong>ntre os operários mais hábeis, porém sem a<br />
necessária base teórica e que, evi<strong>de</strong>ntemente, por essa mesma razão, só<br />
po<strong>de</strong>riam transmitir a seus alunos os conhecimentos empíricos que<br />
possuíam (FONSECA, 1986, p. 115, v. 3).<br />
Em relação ao tema, Fonseca (1986) cita trecho da conferência <strong>de</strong> Horácio<br />
da Silveira: “Foi então preciso recorrer aos normalistas, que se lançaram ao<br />
trabalho, com <strong>uma</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação e um senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> que<br />
nunca po<strong>de</strong>remos exaltar suficientemente” 80 . O que significa que a maneira<br />
encontrada para suprir a <strong>de</strong>manda docente foi recorrer a normalistas que, ainda que<br />
não tivessem condições teóricas para ensi<strong>na</strong>r ofício, tinham conhecimento<br />
pedagógico para atuar.<br />
Já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século XX a contratação <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> fora do país<br />
para suprir <strong>uma</strong> <strong>de</strong>manda específica que era atuar como mestres <strong>na</strong>s ofici<strong>na</strong>s foi<br />
prática comum. Machado (2010) relata que isso aconteceu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1909, quando o<br />
próprio Lu<strong>de</strong>ritz ia recrutar profissio<strong>na</strong>is <strong>na</strong> Europa e nos Estados Unidos, até a<br />
década <strong>de</strong> 1940; dados <strong>de</strong> 1942 indicam que neste ano 29 técnicos <strong>de</strong>sembarcaram<br />
no Brasil para atuar <strong>na</strong> Escola Técnica Nacio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> capital fe<strong>de</strong>ral.<br />
80 Trecho da conferência “O Ensino Industrial em São Paulo” apud FONSECA, 1986, p. 116, v. 3.