26.07.2014 Views

desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

105<br />

Os po<strong>de</strong>res públicos não tinham campo on<strong>de</strong> recrutar pessoal<br />

experimentado. Os professores saíram dos quadros do ensino primário, não<br />

trazendo, por essa razão, nenh<strong>uma</strong> idéia do que necessitariam lecio<strong>na</strong>r no<br />

ensino profissio<strong>na</strong>l. Os mestres viriam <strong>das</strong> fábricas ou ofici<strong>na</strong>s e seriam<br />

homens sem a necessária base teórica, com capacida<strong>de</strong>, ape<strong>na</strong>s, <strong>de</strong><br />

transmitir a seus discípulos os conhecimentos empíricos que traziam<br />

(MAGELA NETO, 2002, p. 182).<br />

Apesar disso, Fonseca (1986, v. 3) reconhece o período como <strong>uma</strong> nova era<br />

<strong>na</strong> aprendizagem <strong>de</strong> ofícios no país. O autor nos apresenta um longo período <strong>de</strong><br />

análise nos cinco volumes <strong>de</strong> seu História do Ensino Industrial e em vários<br />

momentos ele aponta que “o maior entrave que o ensino industrial tem tido, através<br />

<strong>de</strong> toda a sua história, é sem dúvida, a falta <strong>de</strong> professorado”. E acrescenta:<br />

Des<strong>de</strong> os tempos do <strong>de</strong>scobrimento, quando os jesuítas ensi<strong>na</strong>vam aos<br />

silvícolas rudimentos <strong>de</strong> ofícios, até aos nossos dias, ainda o problema se<br />

apresenta em toda a sua plenitu<strong>de</strong>. [...] Nos primeiros tempos os<br />

professores teóricos não po<strong>de</strong>riam sair senão dos quadros do ensino<br />

primário, não tendo por essa razão nenh<strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ia do que necessitavam<br />

lecio<strong>na</strong>r no ensino profissio<strong>na</strong>l. E quanto aos que <strong>de</strong>viam ensi<strong>na</strong>r a parte<br />

prática, não havendo outras fontes on<strong>de</strong> ir buscá-los, seriam recrutados <strong>na</strong>s<br />

fábricas ou ofici<strong>na</strong>s, <strong>de</strong>ntre os operários mais hábeis, porém sem a<br />

necessária base teórica e que, evi<strong>de</strong>ntemente, por essa mesma razão, só<br />

po<strong>de</strong>riam transmitir a seus alunos os conhecimentos empíricos que<br />

possuíam (FONSECA, 1986, p. 115, v. 3).<br />

Em relação ao tema, Fonseca (1986) cita trecho da conferência <strong>de</strong> Horácio<br />

da Silveira: “Foi então preciso recorrer aos normalistas, que se lançaram ao<br />

trabalho, com <strong>uma</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação e um senso <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> que<br />

nunca po<strong>de</strong>remos exaltar suficientemente” 80 . O que significa que a maneira<br />

encontrada para suprir a <strong>de</strong>manda docente foi recorrer a normalistas que, ainda que<br />

não tivessem condições teóricas para ensi<strong>na</strong>r ofício, tinham conhecimento<br />

pedagógico para atuar.<br />

Já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século XX a contratação <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> fora do país<br />

para suprir <strong>uma</strong> <strong>de</strong>manda específica que era atuar como mestres <strong>na</strong>s ofici<strong>na</strong>s foi<br />

prática comum. Machado (2010) relata que isso aconteceu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1909, quando o<br />

próprio Lu<strong>de</strong>ritz ia recrutar profissio<strong>na</strong>is <strong>na</strong> Europa e nos Estados Unidos, até a<br />

década <strong>de</strong> 1940; dados <strong>de</strong> 1942 indicam que neste ano 29 técnicos <strong>de</strong>sembarcaram<br />

no Brasil para atuar <strong>na</strong> Escola Técnica Nacio<strong>na</strong>l <strong>na</strong> capital fe<strong>de</strong>ral.<br />

80 Trecho da conferência “O Ensino Industrial em São Paulo” apud FONSECA, 1986, p. 116, v. 3.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!