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desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

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89<br />

Ainda que relativo ao magistério <strong>na</strong> educação básica, e não trate com<br />

profundida<strong>de</strong> da educação profissio<strong>na</strong>l, a não ser a formação para o magistério,<br />

Almeida (1998) nos dá alg<strong>uma</strong>s pistas a respeito <strong>de</strong> um processo que até hoje<br />

ocorre <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização do papel da mulher <strong>na</strong> função docente. Almeida afirma que<br />

a pretensa inferiorida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> relacio<strong>na</strong>da com as ativida<strong>de</strong>s por elas<br />

exerci<strong>das</strong> faz com que estas sejam vistas como áreas <strong>de</strong>sprivilegia<strong>das</strong>:<br />

A profissão do magistério que, a princípio, foi i<strong>de</strong>ologicamente vista como<br />

<strong>de</strong>ver sagrado e sacerdócio, [...] tornou-se, <strong>na</strong> segunda meta<strong>de</strong> do século<br />

XX, alvo <strong>das</strong> acusações e <strong>das</strong> <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> proletarização do magistério,<br />

ora colocando professores e professoras como vítimas do sistema, ora<br />

como responsáveis pelos problemas educacio<strong>na</strong>is <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento <strong>de</strong> sua<br />

formação profissio<strong>na</strong>l. Ao incorporar que o magistério era um trabalho<br />

essencialmente feminino, essas mesmas teorias acabaram por promover<br />

distorções a<strong>na</strong>líticas quando alocaram no sexo do sujeito a <strong>de</strong>svalorização<br />

da profissão, o que foi, convenhamos, <strong>uma</strong> contribuição que acabou por se<br />

revelar também como um fator <strong>de</strong> discrimi<strong>na</strong>ção e “vitimização” da mulher<br />

(ALMEIDA, 1998, p. 20).<br />

Almeida se empenha por <strong>de</strong>monstrar com base <strong>na</strong> história do magistério que<br />

não foi o fato <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> tomarem este espaço <strong>de</strong> trabalho que o <strong>de</strong>svalorizou. O<br />

processo foi bem mais complexo.<br />

A cultura que se criou em torno da atuação <strong>de</strong> pessoas no magistério ainda<br />

no século XIX aponta para a generalizada concepção <strong>de</strong> que a formação não era<br />

condição sine qua non para o exercício do magistério. Unida à pouca estabilida<strong>de</strong> e<br />

regularida<strong>de</strong> <strong>das</strong> Escolas Normais cria<strong>das</strong> em quase todos os estados ainda<br />

<strong>na</strong>quele século, a não exigência <strong>de</strong> formação específica <strong>de</strong>squalificava a ativida<strong>de</strong><br />

docente (ROMANOWSKI, 2006). Além disso as instituições que necessitavam<br />

contratar docentes realizavam concursos para pessoas sem formação regular, ou<br />

nomeavam pessoas <strong>de</strong> prestígio <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>, o que favorecia a <strong>de</strong>svalorização da<br />

ativida<strong>de</strong>.<br />

Por sua vez, “A feminização do magistério primário no Brasil aconteceu num<br />

momento em que o campo educacio<strong>na</strong>l se expandia em termos quantitativos”<br />

(ALMEIDA, 1998, p. 64.). Dois fatores <strong>de</strong>ram condições para que isso ocorresse: os<br />

professores estavam socialmente impedidos <strong>de</strong> educar as meni<strong>na</strong>s e a luta contra a<br />

coeducação.<br />

Rapidamente o número <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> cresceu por causa do argumento <strong>de</strong><br />

que elas teriam condições <strong>na</strong>turais <strong>de</strong> cuidar <strong>das</strong> crianças. Não obstante, não foi

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