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desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

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formal até então excluiu as <strong>mulheres</strong>, por ser aquele associado à remuneração –<br />

elas sempre trabalharam mas quase nunca percebiam remuneração.<br />

Vale citar comentário <strong>de</strong> 1860 do político francês Jules Simon: “<strong>uma</strong> mulher<br />

que se tor<strong>na</strong> trabalhadora <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser mulher” (apud SCOTT, 1994, p. 444). Esta<br />

era a percepção <strong>de</strong> praticamente toda a socieda<strong>de</strong> europeia oci<strong>de</strong>ntal: baseados <strong>na</strong><br />

oposição público/privado, trabalho/lar, salário/maternida<strong>de</strong>,<br />

produtivida<strong>de</strong>/feminilida<strong>de</strong>, a socieda<strong>de</strong> lutou por mantê-las longe dos espaços<br />

profissio<strong>na</strong>is.<br />

O problema se apresentou justamente porque no período a que se po<strong>de</strong><br />

chamar pré-industrial as <strong>mulheres</strong> combi<strong>na</strong>vam a ativida<strong>de</strong> produtiva ao cuidado no<br />

lar (incluindo a criação dos filhos) no espaço doméstico. Importante ressaltar que<br />

Scott (1994) inclusive cita casos <strong>de</strong> trabalhadoras que não tiveram dificulda<strong>de</strong>s em<br />

trabalhar no espaço público.<br />

A divisão entre trabalho e lar não era muito nítida, justamente porque muitas<br />

atuavam em seus próprios lares. Isso ocasionou a “diminuição <strong>das</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

aceitáveis <strong>de</strong> <strong>uma</strong> mulher trabalhar por um salário” (SCOTT, 1994, p. 450). A partir<br />

do momento que se propôs a mudança do local <strong>de</strong> trabalho, a resistência emergiu.<br />

Desse período vemos levantado o problema em torno da situação da mulher<br />

no mercado <strong>de</strong> trabalho formal; Scott cita que as <strong>mulheres</strong> não seriam profissio<strong>na</strong>is<br />

i<strong>de</strong>ais, já que após casarem e ter filhos elas necessariamente abando<strong>na</strong>riam os<br />

empregos, exceto em casos em que os homens não conseguissem sustentar suas<br />

famílias – daqui surge a perspectiva <strong>de</strong> salários menores. Estabelece-se o que a<br />

autora chama <strong>de</strong> o “problema” da mulher trabalhadora, acentuado pelas constantes<br />

afirmações <strong>de</strong> que to<strong>das</strong> as <strong>mulheres</strong> eram iguais, com as mesmas perspectivas<br />

(casar, ter filhos, <strong>de</strong>dicação integral ao lar), “acentuando as diferenças entre homens<br />

e <strong>mulheres</strong>” (SCOTT, 1994, p. 444).<br />

De acordo com os exemplos apresentados por Scott (1994, p. 451), o fato <strong>de</strong><br />

trabalhar em casa ou não nem era percebido como um problema pelas <strong>mulheres</strong><br />

trabalhadoras, mas sim “os salários tão incrivelmente baixos”.

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