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desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

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53<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Edimburgo em 1900. Apesar <strong>de</strong> todo <strong>de</strong>staque e reconhecimento<br />

como cientista, ela era extremamente conservadora em relação à sua posição<br />

enquanto mulher, chegando até a <strong>de</strong>scartar qualquer relação com questões volta<strong>das</strong><br />

às causas feministas (LIRES, ANGÓS e PAIRÓ, 2003).<br />

Como mais um exemplo, temos Mary Fairfax Somerville (1780-1872),<br />

consi<strong>de</strong>rada um exemplo <strong>de</strong> "perfeita compatibilida<strong>de</strong> entre o cumprimento exemplar<br />

<strong>das</strong> tarefas mais suaves da vida doméstica e as mais profun<strong>das</strong> investigações em<br />

filosofia matemática" (LIRES, ANGÓS e PAIRÓ, 2003, s.p.) 45 ; isso pressupõe dois<br />

aspectos: a) a mulher exemplar é necessariamente aquela que, ainda que se<br />

<strong>de</strong>dicasse à pesquisa, não abando<strong>na</strong>ria a vida doméstica; b) a vida doméstica seria<br />

repleta <strong>de</strong> “tarefas mais suaves”.<br />

A Ciência, controlada por poucos e controladora <strong>de</strong> saberes, hierarquizada e<br />

masculinizada, quando permitiu a entrada <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s que se <strong>de</strong>stacavam não foi <strong>de</strong><br />

maneira facilitada, mas por meio <strong>de</strong> imposições sutis: para se manter era necessário<br />

que as <strong>mulheres</strong> se “adaptassem”. E muitas o fizeram. Schiebinger (2001, p. 156)<br />

afirma que “Alg<strong>uma</strong>s <strong>mulheres</strong> não ape<strong>na</strong>s negaram sua feminilida<strong>de</strong> para<br />

trabalharem como cientistas sérias como obscureceram completamente seu sexo”.<br />

Forjar a masculinida<strong>de</strong> foi <strong>uma</strong> prática usada pelas <strong>mulheres</strong> em muitas áreas do<br />

conhecimento durante o século XIX.<br />

Outra exigência da Ciência Mo<strong>de</strong>r<strong>na</strong> era quanto à vida solitária que<br />

<strong>de</strong>veriam levar tanto <strong>mulheres</strong> como homens cientistas: as universida<strong>de</strong>s se<br />

tor<strong>na</strong>riam um espaço no qual era <strong>de</strong>sejável o celibato.<br />

Professores em Oxford e Cambridge, por exemplo, não podiam casar; mais<br />

tar<strong>de</strong>, no século XIX, o celibato ainda era requerido. Não faz muito tempo<br />

havia um historiador da Ciência em Harvard que ofereceu a seguinte receita<br />

para <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> Ciência: seja um gênio, durma pouco e não pratique sexo.<br />

(SCHIEBINGER, 2001, p. 185)<br />

Schiebinger (2001) <strong>de</strong>staca inclusive que até o início do século XX em<br />

alg<strong>uma</strong>s universida<strong>de</strong>s norteamerica<strong>na</strong>s havia a exigência <strong>de</strong> que as <strong>mulheres</strong><br />

<strong>de</strong>veriam permanecer solteiras, para não ferir o caráter quase religioso do <strong>de</strong>dicar-<br />

45 Tradução livre <strong>de</strong>: "la perfecta compatibilidad entre el cumplimiento ejemplar <strong>de</strong> las tareas más<br />

suaves <strong>de</strong> la vida doméstica y las más profun<strong>das</strong> investigaciones en filosofía matemática" (LIRES,<br />

ANGÓS e PAIRÓ, 2003, s.p.).

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