desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

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A impossibilidade de aceder às instituições educativas e científicas ao longo
da história e a escassa presença de mulheres na prática científica, ainda
hoje, que praticamente nenhum país, ao menos ocidental, admite
discriminação por razão de sexo, conduz à pergunta pelos mecanismos que
o haviam provocado e ainda hoje o provocam 42 (SEDEÑO, 2000, s.p.).
Foi lento o processo de acesso das mulheres à Ciência e Tecnologia – aos
poucos elas começaram a ser admitidas como membros das Sociedades e
instituições, embora não pudessem liderar ou fazer parte de algum comitê especial.
Algumas sociedades científicas inclusive aceitaram desde a sua criação a
participação de mulheres, como foi o caso das Sociedad Botánica de Londres,
Sociedad Zoológica e a Real Sociedad de Entomología 43 .
Um fator que contribuiu para que os campos científico e tecnológico fossem
se consolidando historicamente como campos masculinos é o fato de que mesmo
quando eram mulheres poderosas que aprovavam a criação de novas sociedades
científicas, outras mulheres eram proibidas de participar 44 .
As possibilidades de acesso das mulheres em alguns âmbitos e conquistas
efetivas no campo da Ciência e da Tecnologia não foram significativas na sociedade
ocidental europeia dos séculos XVII ao XIX e casos como o de algumas destacadas
cientistas nos levam a perceber uma questão que diz respeito ao fato que, apesar
das conquistas, a mulher ainda mantinha certas características e práticas
internalizadas pelas relações sociais em que estavam inseridas.
Eleanor Ormerod (1828-1901), por exemplo, foi uma importante
entomologista e a primeira mulher a receber o título de doutorado honoris causa pela
42 Tradução livre de: “La imposibilidad de acceder a las instituciones educativas y científicas a lo largo
de la historia y la escasa presencia de mujeres en la práctica científica, aún hoy, en que
prácticamente ningún país, al menos occidental, admite discriminación por razón de sexo condujo a la
pregunta por los mecanismos que lo habían provocado y aún hoy lo provocan” (SEDEÑO, 2000, s.p.).
43 Estas áreas frequentemente davam livre acesso às mulheres por se tratarem de áreas mais
"adequadas" (LIRES, ANGÓS e PAIRÓ, 2003). Para saber mais, ver no capítulo 3 do livro Las
científicas y su historia en el aula o tópico dedicado às Ciências Naturais e a condição das mulheres;
destacamos o que aconteceu no século XVIII: “En la época (...) se consideró que la botánica era una
ocupación apropiada para las mujeres, pues además de contribuir a que no estuvieran ociosas,
impedía el tumulto de las pasiones y disminuía el gusto por las diversiones frívolas. Algo semejante
ocurrió con la astronomía, pues ésta permitía la contemplación de los cielos, apartando a las mujeres
de las tentaciones terrenales” (LIRES, ANGÓS e PAIRÓ, 2003, s.p.).
44 Destaque para a Academia de Berlim, criada em 1700 pela rainha da Prússia Sofía Carlota, e à
Academia de Ciências de São Petersburgo, patrocinada pelas imperatrizes Catalina I, Ana e Catalina,
a Grande; em ambas se proibiu o acesso de mulheres até finais do século XIX (LIRES, ANGÓS e
PAIRÓ, 2003).