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desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

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Enten<strong>de</strong>-se, portanto, ao contrário do que preten<strong>de</strong> o <strong>de</strong>terminismo, que não<br />

são as diferenças sexuais,<br />

mas é a forma como essas características são representa<strong>das</strong> ou<br />

valoriza<strong>das</strong>, aquilo que se diz ou se pensa sobre elas que vai constituir,<br />

efetivamente, o que é feminino ou masculino em <strong>uma</strong> dada socieda<strong>de</strong> e em<br />

um dado momento histórico (LOURO, 2007, p. 21).<br />

A história que culmi<strong>na</strong>rá com a adoção do termo gênero tem início ainda no<br />

século XVIII, no contexto <strong>das</strong> Revoluções Iluminista e Industrial, <strong>na</strong> França e<br />

Inglaterra respectivamente; o período histórico perpassado pelas duas revoluções é<br />

consi<strong>de</strong>rado por Eric Hobsbawn “a maior transformação da história h<strong>uma</strong><strong>na</strong>”,<br />

(HOBSBAWN, 1977, p. 17), e foi responsável por mudanças que atingiram as<br />

questões <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> maneira até então nunca vista 6 . Um movimento em<br />

oposição ao pregado pela “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”<br />

começou a tomar forma e foi marcado pela ação <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> francesas e<br />

revolucionárias que<br />

reivindicavam mudanças <strong>na</strong>s leis que as subordi<strong>na</strong>vam aos maridos,<br />

<strong>de</strong>nunciavam a situação da mulher no trabalho, sua <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> com os<br />

homens frente às leis, sua pouca participação política e o alto índice <strong>de</strong><br />

prostituição femini<strong>na</strong> da época (SILVA, 2000, p. 54).<br />

Po<strong>de</strong>mos afirmar que esse momento antece<strong>de</strong>u o que mais tar<strong>de</strong> seria<br />

<strong>de</strong>limitado e instituído como movimento feminista; este vai se mostrar ação<br />

organizada <strong>de</strong> discurso próprio, e com vistas à “abstração do universalismo <strong>de</strong><br />

direitos que, <strong>na</strong> verda<strong>de</strong>, não era universal, pois excluía as <strong>mulheres</strong>” (SILVA, 2000,<br />

p. 55). Esse i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> universalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos do qual se ouve falar também em<br />

nossos dias foi um mito que o movimento, ainda pontual no século XVIII e mais<br />

abrangente e crescente nos dois séculos seguintes, vai tentar bravamente <strong>de</strong>rrubar.<br />

Nesta batalha, vemos que esforços <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> como o <strong>de</strong> Olympe <strong>de</strong> Gouges 7<br />

6 Scott afirma que <strong>de</strong>sse período histórico emerge “o problema” da mulher trabalhadora, e frisa que “A<br />

mulher trabalhadora foi um produto da revolução industrial [...] porque no <strong>de</strong>curso da mesma [sic] ela<br />

se tornou <strong>uma</strong> figura perturbadora e visível” (SCOTT, 1994, p. 443). O capítulo 3 se <strong>de</strong>sti<strong>na</strong> a discutir<br />

exatamente a relação entre <strong>mulheres</strong> e trabalho.<br />

7 Escritora francesa que se encarregará <strong>de</strong> escrever “Os Direitos da Mulher e da Cidadã”, 1971,<br />

documento em “oposição” à Declaração <strong>de</strong> Direitos francesa, ressaltando a exigência para que os

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