desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
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para os quais eram ofertados cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento, já que eram atuantes, e<br />
ex-alunos que quisessem ser professores.<br />
Amorim (2004) faz <strong>uma</strong> longa análise a respeito da condição <strong>de</strong> instalação<br />
da CBAI e do CPTP 92 em Curitiba, que tinha por principal objetivo formar<br />
professores e aspirantes a professores.<br />
O autor <strong>de</strong>staca que a forma <strong>de</strong> ingresso dava-se pela seleção concentrada<br />
<strong>na</strong>s outras escolas industriais e técnicas, oficiais ou não; após eleitos via exames <strong>de</strong><br />
seleção, os candidatos vinham para Curitiba. Os cursos 93 eram <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>dos a<br />
professores, técnicos e instrutores <strong>das</strong> escolas fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais,<br />
além do Se<strong>na</strong>i e <strong>de</strong> outras entida<strong>de</strong>s convida<strong>das</strong> pela CBAI.<br />
Embora não aparecesse como condição exclu<strong>de</strong>nte para inscrição ao<br />
exame <strong>de</strong> seleção ou para matrícula, não havia presença femini<strong>na</strong> nos<br />
cursos <strong>de</strong> trei<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> professores! Os cursos do CPTP eram tidos como<br />
caracteristicamente masculinos, tanto por envolverem ofícios<br />
tradicio<strong>na</strong>lmente ligados aos homens, quanto por se tratar <strong>de</strong> matéria<br />
tecnológica, também tida como <strong>de</strong>finidora do trabalho masculino, pois<br />
envolveria conhecimentos mais aprofundados, o que estaria fora do alcance<br />
e da compreensão do sexo feminino, <strong>de</strong> acordo com a noção construída<br />
historicamente para a mulher (AMORIM, 2004, p. 288. Grifos nossos.).<br />
Não obstante todos os esforços da CBAI, estes não foram suficientes, já que<br />
visavam ao aperfeiçoamento do professorado já existente, e não à formação <strong>de</strong><br />
novos professores, como fazia a Escola Wenceslau Brás e como pretendia a Lei<br />
Orgânica.<br />
Como não estava aten<strong>de</strong>ndo às expectativas, o foco foi sendo direcio<strong>na</strong>do à<br />
formação <strong>de</strong> profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> indústrias e ex-alunos. O boletim “Você quer ser<br />
professor?” comprova esta dificulda<strong>de</strong> em recrutar interessados em formação.<br />
O Brasil necessita <strong>de</strong> maior número <strong>de</strong> professores, homens jovens com<br />
capacida<strong>de</strong>, entusiasmo e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>r aos outros. Em face <strong>de</strong>stas<br />
razões [...] estamos planejando um trei<strong>na</strong>mento para os futuros professores.<br />
Trata-se realmente <strong>de</strong> <strong>uma</strong> oportunida<strong>de</strong> excepcio<strong>na</strong>l para jovens <strong>de</strong> visão,<br />
<strong>de</strong>sejosos <strong>de</strong> servir ao seu povo. De que outra maneira po<strong>de</strong>rá um homem<br />
influenciar o futuro dos outros, a não ser beneficiando a vida dos outros<br />
92 Amorim (2004) <strong>de</strong>screve a organização do CPTP: com um diretor brasileiro, o então diretor da ETC,<br />
Lauro Wilhelm, e um diretor estaduni<strong>de</strong>nse, nos anos <strong>de</strong> 1958 e 1959, os cursos tinham duração <strong>de</strong> 8<br />
meses (<strong>de</strong> abril a novembro), e a partir <strong>de</strong> 1960 a duração passa para 9 meses. Um técnico<br />
estaduni<strong>de</strong>nse e um professor brasileiro ministravam as discipli<strong>na</strong>s.<br />
93 Eles eram organizados com aulas teóricas, práticas, <strong>de</strong>bates e preparação e administração <strong>de</strong><br />
aulas pelos professores-alunos, visando à didática individual (AMORIM, 2004).