desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
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Este fato tem forte impacto <strong>na</strong> escolha <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> por <strong>uma</strong> ou outra<br />
carreira, ou ainda <strong>na</strong> escolha por efetivamente seguir alg<strong>uma</strong> carreira: “As <strong>mulheres</strong><br />
que consi<strong>de</strong>ram seguir carreira <strong>na</strong> Ciência citam as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> combi<strong>na</strong>r carreira<br />
e família como a maior preocupação” (SCHIEBINGER, 2001, p. 194).<br />
Muitas <strong>mulheres</strong> têm dificulda<strong>de</strong> em optar por seguir <strong>uma</strong> carreira científicotecnológica,<br />
e isso as <strong>de</strong>ixa cada vez mais distantes da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucesso<br />
nessa área. Schiebinger (2001, p. 194) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que “Para trazer as <strong>mulheres</strong> para<br />
a Ciência, precisamos reestruturar os mundos profissio<strong>na</strong>l e doméstico”, além <strong>de</strong><br />
fazer um esforço em convencer os parceiros a participarem, enten<strong>de</strong>ndo que é a<br />
forma mais justa <strong>de</strong> atuação profissio<strong>na</strong>l para ambos.<br />
A divisão sexual do trabalho que atribuiu às <strong>mulheres</strong> a responsabilida<strong>de</strong><br />
principal pelos serviços domésticos e criação dos filhos liberou o homem<br />
dos incômodos <strong>de</strong>talhes <strong>das</strong> ativida<strong>de</strong>s diárias <strong>de</strong> sobrevivência, ao passo<br />
que sobrecarregou as <strong>mulheres</strong> <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sproporcio<strong>na</strong>l (LERNER apud<br />
SCHIEBINGER, 2001, p. 182).<br />
A problemática está em <strong>de</strong>rrubar a divisão sexual do trabalho, <strong>uma</strong> <strong>das</strong><br />
manifestações <strong>das</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r da socieda<strong>de</strong>, para que ela <strong>de</strong>ixe “<strong>de</strong> ser<br />
percebida como um processo <strong>na</strong>tural que distribui homens e <strong>mulheres</strong> em ativida<strong>de</strong>s<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>das</strong> a seu sexo” passando a ser vista assim como ela é: “parte<br />
<strong>de</strong> relações sociais basea<strong>das</strong> em diferenças socialmente construí<strong>das</strong> entre homens<br />
e <strong>mulheres</strong>” (SILVA, 2005, p. 28).<br />
Trata-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> entre diferentes, no sentido <strong>de</strong> equida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s. Na dinâmica social marcada pelo <strong>de</strong>terminismo biológico, vemos que<br />
prevalecem<br />
posições <strong>de</strong>siguais, tanto <strong>na</strong> esfera da produção quanto no âmbito privado<br />
<strong>das</strong> relações familiares, sendo comum, em nossa socieda<strong>de</strong>, que a mulher<br />
seja responsabilizada pelas ativida<strong>de</strong>s reprodutivas e o homem seja<br />
percebido como o provedor da família. Se, por um lado, o trabalho produtivo<br />
faz parte da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> masculi<strong>na</strong>, por outro, a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
femini<strong>na</strong> condicio<strong>na</strong> e limita a participação da mulher no mercado <strong>de</strong><br />
trabalho, principalmente <strong>de</strong>vido à constante necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articular<br />
ativida<strong>de</strong>s domésticas e profissio<strong>na</strong>is (SILVA, 2005, p. 28).<br />
As <strong>mulheres</strong> têm dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrada no mercado <strong>de</strong> trabalho e, quando o<br />
fazem, optam por alg<strong>uma</strong>s carreiras que possibilitem a conciliação (HIRATA e<br />
KERGOAT, 2007, p. 603): “política fortemente sexuada, visto que <strong>de</strong>fine