desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR
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Desenho Técnico, trazendo a problemática <strong>de</strong> que para atuação em discipli<strong>na</strong>s em<br />
que se exige qualificação 128 os homens eram os mais preparados.<br />
A autora diz que a discipli<strong>na</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho teve gran<strong>de</strong> importância ao longo<br />
da história da Escola e dos currículos; <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Paulo Il<strong>de</strong>fonso se assumiu que a<br />
matéria serviria como base <strong>de</strong> todos os cursos, sendo visto “como um dos elementos<br />
civilizatórios <strong>na</strong> construção do saber necessário aos trabalhadores” (MACHADO,<br />
2010, p. 2010). Ela acrescenta também que<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento da organização do trabalho <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> capitalista, o<br />
“Desenho” é mais um dos elementos que compõem a divisão técnica do<br />
trabalho. Enquanto a dinâmica do ensino <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho acaba por ser mais<br />
um elemento <strong>de</strong> divisão e racio<strong>na</strong>lização, organizando o trabalho em duas<br />
etapas – planejamento e execução – a diferenciação entre as modalida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senho ensi<strong>na</strong><strong>das</strong> também evi<strong>de</strong>ncia <strong>uma</strong> segunda fragmentação<br />
(MACHADO, 2010, p. 225).<br />
A fragmentação está relacio<strong>na</strong>da ao sexo da pessoa, o que <strong>na</strong> verda<strong>de</strong> diz<br />
respeito ao conhecimento que cada um <strong>de</strong>tém nesse período histórico: para<br />
ministrar matérias técnicas os homens eram escolhidos porque eles tinham<br />
formação ou prática obtida no exercício <strong>de</strong> <strong>uma</strong> profissão. Já o conhecimento<br />
necessário para lecio<strong>na</strong>r <strong>uma</strong> matéria como <strong>de</strong>senho or<strong>na</strong>mental, mais voltado ao<br />
estético, ao artístico, não estaria necessariamente ligado ao conhecimento<br />
socialmente reconhecido como qualificado, mas como <strong>uma</strong> prática ligada ao fazer<br />
cotidiano <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> “femini<strong>na</strong>s”. Essa separação entre prérequisitos<br />
necessários para <strong>de</strong>sempenhar <strong>uma</strong> ou outra ativida<strong>de</strong> pressupõe <strong>uma</strong><br />
maior ou menor valorização da discipli<strong>na</strong>.<br />
Des<strong>de</strong> 1930 a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Desenho Técnico era ocupada por concluintes do<br />
ensino secundário ou alunos do ensino superior, ou seja, homens com formação<br />
profissio<strong>na</strong>l não voltada inicialmente à docência; já a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Desenho<br />
Or<strong>na</strong>mental era ministrada por <strong>uma</strong> professora adjunta, cuja formação não está<br />
registrada nos documentos disponíveis 129 .<br />
128 No sentido <strong>de</strong> formação específica para o <strong>de</strong>sempenho da ativida<strong>de</strong>, em oposição ao <strong>de</strong>sempenho<br />
<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> um conhecimento tácito.<br />
129 Alg<strong>uma</strong>s que ocuparam a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Desenho Or<strong>na</strong>mental foram as professoras Alay<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Andra<strong>de</strong> Cunha, Alilat Muricy Borges dos Reis e Irene Egle Muzillo Bus<strong>na</strong>rdo.