26.07.2014 Views

desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

desvelando a participação das mulheres na história de uma - UTFPR

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

47<br />

A Ilustração não cumpriu suas promessas no que à mulher se refere,<br />

ficando o feminino como aquele reduto que as Luzes não souberam ou não<br />

quiseram ilumi<strong>na</strong>r, abando<strong>na</strong>ndo, portanto, a meta<strong>de</strong> da espécie <strong>na</strong>quele<br />

ângulo sombrio da paixão, da <strong>na</strong>tureza ou do privado (apud LIRES, ANGÓS<br />

e PAIRÓ, 2003, s.p. Grifos <strong>das</strong> autoras). 31<br />

Po<strong>de</strong>mos notar revendo os i<strong>de</strong>ais iluministas que paradoxalmente,<br />

ao mesmo tempo que a nova ciência, com seu pensamento biologicista,<br />

contribuía para perpetuar a opressão <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong>, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> crítica e<br />

<strong>de</strong> transformação social do pensamento ilustrado lhe obrigava a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o<br />

papel da educação como elemento crucial para tal transformação (LIRES,<br />

ANGÓS e PAIRÓ, 2003, s.p.). 32<br />

O trecho sugere que a partir <strong>das</strong> i<strong>de</strong>ias iluministas a educação para as<br />

<strong>mulheres</strong> surge como <strong>uma</strong> temática a ser repensada, questão retomada no capítulo<br />

terceiro.<br />

Foi no fi<strong>na</strong>l do século XVIII que surgiram manifestações escritas da luta <strong>das</strong><br />

<strong>mulheres</strong>. Como exemplo Lires, Angós e Pairó citam “A <strong>de</strong>claração <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> e o<br />

Direito <strong>das</strong> cidadãs” <strong>de</strong> Olympe <strong>de</strong> Gouges, já referida aqui, e os “Cua<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong><br />

quejas <strong>de</strong> las mujeres” que diziam respeito às i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> vários pensadores, homens<br />

e <strong>mulheres</strong> preocupados com os direitos <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong>, <strong>de</strong>ntre eles a também<br />

supracitada inglesa Mary Wollstoncraft (“Vindicación <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rechos <strong>de</strong> la mujer”, <strong>de</strong><br />

1791), o francês Condorcet, o alemão Theodor Von Hippel (“Sobre el avance <strong>de</strong> las<br />

mujeres”, <strong>de</strong> 1792), a espanhola Josefa Amar y Borbón, os monjes beneditinos<br />

Feijoo (“Teatro Crítico Universal”) e Sarmiento (“Demostración Crítico-Apologética”)<br />

(LIRES, ANGÓS e PAIRÓS, 2003).<br />

As autoras <strong>de</strong>stacam também <strong>uma</strong> obra importante por ser <strong>uma</strong> prova <strong>de</strong><br />

que as discussões a respeito da condição da mulher ainda estavam longe <strong>de</strong> serem<br />

resolvi<strong>das</strong> e começavam inicialmente dizendo respeito à educação <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong>:<br />

Vicente do Seixo, iluminista, escreveu Discurso Filosófico Económico Político sobre<br />

la capacidad o incapacidad <strong>na</strong>tural <strong>de</strong> las mujeres para las Ciencias y las Artes, y si<br />

31 Tradução livre <strong>de</strong>: “La Ilustración no cumplió sus promesas en lo que a la mujer se refiere,<br />

quedando lo femenino como aquel reducto que las Luces no supieron o no quisieron ilumi<strong>na</strong>r,<br />

abando<strong>na</strong>ndo, por tanto, la mitad <strong>de</strong> la especie en aquel ángulo sombrío <strong>de</strong> la pasión, la <strong>na</strong>turaleza o<br />

lo privado” (MOLINA, 1994 apud LIRES et al, 2003, s.p.).<br />

32 Tradução livre <strong>de</strong>: “...al mismo tiempo que la nueva ciencia, con su pensamiento biologicista,<br />

contribuía a perpetuar la opresión <strong>de</strong> las mujeres, la voluntad <strong>de</strong> crítica y <strong>de</strong> transformación social <strong>de</strong>l<br />

pensamiento ilustrado le obligaba a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r el papel <strong>de</strong> la educación como elemento crucial para tal<br />

transformación” (LIRES et al, 2003, s.p.).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!